A outra face da Lua

Porque é que a Lua nos mostra sempre a mesma face?
Qualquer observador da Lua repara rapidamente que esta nos mostra sempre a mesma cara. Para os mais distraídos isto até pode parecer natural, pois afinal de contas a Lua só é Lua quando tem a cara conhecida e por isso mesmo outra cara seria impensável! No entanto, se pensarmos um pouco mais na sua natureza física e pusermos de parte o nosso senso comum, vemos que a Lua é um planeta como qualquer outro e, como tal, deve possuir uma rotação própria. Na realidade é exactamente isso que acontece, a Lua roda tal como a Terra em torno de um eixo imaginário.
Mas assim sendo, porque razão não vemos nós o disco da Lua variar? A resposta a esta pergunta não é complicada, devendo-se ao facto de o tempo que esta demora a completar uma rotação sobre si própria - período de rotação - coincidir exactamente com o tempo que esta leva a completar uma volta em torno do nosso planeta - período de translação.
Sempre que se observa na Natureza uma tamanha coincidência, somos levados a pensar que talvez não se trate de uma verdadeira obra do acaso, mas sim de algo natural. Tanto mais que quando observamos a maior parte dos satélites dos outros planetas do nosso sistema solar, verificamos que esta formidável relação entre os períodos de rotação e translação também se verifica. Mas então, a que se deverá este curioso fenómeno?
Mais uma vez a resposta está na força de gravidade. Sim, a mesma força que mantém a Lua em órbita em torno da Terra é responsável por este sincronismo! Não podemos pensar na Lua como um ponto que orbita a Terra, temos sim que ter em conta a sua forma e estrutura interna: as zonas da Lua mais próximas da Terra vão sofrer uma atracção maior que as zonas mais afastadas. A esta atracção diferencial das diferentes partes de um corpo chama-se "efeito de maré".
O nome provém do facto deste fenómeno ser também o responsável pela existência de marés nos oceanos da Terra. Na Lua não existem oceanos mas todo o planeta sofre a acção desta força que o deforma constantemente. A consequente fricção entre as suas camadas interiores resulta em dissipação de energia interna que nos casos mais violentos pode originar vulcões (como se observa na lua joviana, Io). Aquando da sua formação, a Lua possuía um período de rotação mais curto do que actualmente. Contudo, sob a acção contínua dos efeitos de maré provocados pela presença da Terra, o seu período de rotação foi aumentando constantemente até atingir o patamar em que hoje se encontra.
Fonte:oal.ul.pt

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