Cientistas japoneses esclarecem sobre o conteúdo do interior da Lua

Através da sonda japonesa Kaguya os cientistas encontraram 245 pontos com evidências da presença do mineral olivina, oriundo do interior lunar, distribuídos nos anéis das crateras principais, tais como a cratera Schrödinger, mostrada aqui.
Os pesquisadores têm uma boa idéia dos minerais que formam a superfície da Lua, graças as milhares de rochas lunares trazidas pelos astronautas das missões Apollo e vastas quantidades de informação coletadas através de sensoriamento remoto. Mas o que fica abaixo da crosta lunar? Os cientistas japoneses acreditam ter uma resposta parcial: dados compilados pela sonda orbital lunar japonesa Kaguya sugere que o material do interior lunar, um mineral relativamente pesado chamado olivina, poderia ser encontrado nos anéis de suas crateras principais. Em geral os cientistas planetários concordam que a lua se formou a partir de escombros lançados no espaço quando um planeta errante do tamanho de Marte chamado Théia colidiu com a Terra há cerca de 4,5 bilhões de anos. A Lua “recém nascida” estava tão quente que se apresentava coberta por um oceano de magma liquefeito e assim os elementos mais pesados e minerais afundaram e formaram o manto lunar, enquanto que os mais leves flutuaram para a superfície e, em seguida, solidificaram gerando a crosta lunar. Olivina é um dos componentes principais do manto terrestre e os cientistas especulam que também deve compor uma parte importante do manto da Lua. No entanto, as evidências desta suposição eram limitadas até agora.
Diagrama da estrutura da olivina na escala atômica, vista ao longo do eixo a. O oxigênio é representado pela cor vermelha, o sílicio pelo rosa, e o ferro/magnésio pelo azul. O retângulo indica a projeção de uma célula unitária. 
Asteróides e cometa escavaram a Lua
Estudos anteriores tanto a partir da Terra quanto das sondas espaciais têm observado algumas zonas de olivina na superfície da lua. A sonda japonesa Kaguya foi configurada para dar uma olhada mais de perto ao orbitar a Lua entre novembro de 2007 e junho de 2009. O dispositivo Spectral Profiler da sonda Kaguya registrou nos espectros da luz visível e próximos do infravermelho refletidas a partir da superfície lunar em 70 milhões de pontos. As análises resultantes encontraram uma assinatura de refletância de olivina em 245 destes pontos observados. Ao marcar estes pontos no mapa da Lua foi gerado um padrão que aponta para a presença de anéis de olivina nas bordas das crateras principais, que foram trazidos à superfície pelos impactos, quando a crosta lunar era relativamente fina. Agora, o cientista planetário no Instituto Nacional do Japão para Estudos Ambientais (Tsukuba), e sua equipe relataram na revista Nature Geoscience on-line que a explicação mais provável para este padrão é que os asteróides e cometas que impactaram a Lua atravessaram a crosta e lançaram material do manto superior ou da crosta inferior ejetando-o nos anéis das grandes crateras lunares primordiais.
“A descoberta é emocionante, porque pela primeira vez, parece haver evidências de rochas expostas na superfície da lua que não tenham origem da crosta lunar superior,” disse Carsten Munk, geoquímico da Universidade de Colônia, na Alemanha. Os resultados “são muito importantes para a compreensão de como a crosta e o manto inicial [de corpos como a Lua] se formam e evoluem nos primeiros cem milhões de anos”, acrescentou Carle Pieters, cientista planetário da Universidade de Brown.

Novas descobertas implicam em novas questões

Quando há muitas descobertas, uma gama de novas questões é levantada, principalmente sobre a origem da olivina, se esta procede do manto ou da crosta inferior. Yamamoto acredita que o padrão de luz refletida se encaixa muito bem com o que se espera de material proveniente do manto. “Mas não podemos descartar uma origem na crosta”, afirmou. Missões lunares futuras provavelmente irão tentar resolver este problema, recuperando possivelmente alguma olivina lunar. “Os geoquímicos estão muito interessados em dar uma olhada nestas amostras”, disse Munk.
Amostra de olivina
Fonte:eternosaprendizes.com

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