Um Monstro na Escuridão – A Explosão de Raios Gamma 080607

Explosões de raios-gamma, ou a sigla em inglês GRBs estão entre os fenômenos mais energéticos que os astrônomos observam regularmente. Esses eventos são disparados por massivas explosões e uma grande quantidade de energia é então focalizada dentro de feixes estreitos que viajam através do universo. 

Esses feixes são tão estreitos que eles podem ser vistos através do universo visível e permite aos astrônomos pesquisarem sobre a história do universo. Se um evento dessa magnitude acontece na nossa galáxia e nós estivermos na frente do feixe, os efeitos seriam pronunciados e poderia levar a uma extinção em massa da vida na Terra, tamanha é a energia ali concentrada.

Ainda considerado um dos mais energéticos GRBs já registrados até hoje, o GRB 0800607, aconteceu em uma nuvem de gás e poeira diminuindo a explosão por um fator de 20 – 200 dependendo do comprimento de onda analisado. Apesar da sua força, o GRB teve um brilho suficiente para ser detectado por pequenos telescópios ópticos por mais de uma hora. Então, o que esse monstro escondido pode dizer aos astrônomos sobre as galáxias distantes e os GRBs em geral?
 
O GRB 0800607 foi descoberto no dia 6 de Junho de 2008 pelo satélite Swift. Como os GRBs possuem uma vida curta, a busca por essas explosões é automática e uma vez que uma explosão é detectada o satélite Swift é imediatamente apontado na direção da fonte da explosão. Outros satélites caçadores de GRB rapidamente se unem a essa pesquisa e observatórios baseados na Terra também como o ROTSE-III e o Keck. 

A utilização dessa vasta coleção de instrumentos permitiu à equipe de astrônomos, liderada por D. A. Perley da UC Berkeley, a desenvolver um robusto entendimento não apenas do GRB mas também do gás obscurecido. Dado que a galáxia hospedeira dessa explosão está localizada a uma distância de mais de 4 bilhões de anos-luz da Terra, esse fenômeno tem fornecido uma única fonte de pesquisa sobre a natureza do ambiente que envolve essas galáxias distantes.
 
Uma das feições mais surpreendentes observadas neste evento foi a incomum absorção ocorrida próximo de 2175 Angstrons. Embora essa llinha de absorção tenha sido notada em outras galáxias, ela é rara em galáxias localizadas a imensas distâncias cosmológicas. No universo local, essas feições parecem ser mais comuns em galáxias dinamicamente estáveis mas tendem estar ausentes em locais mais perturbados como na Pequena Nuvem de Magalhães, bem como em algumas regiões da Via Láctea onde existe uma turbulência maior.

A equipe usou essas feições para definir que a galáxia hospedeira dessa grande explosão também é estável. Embora essas feições sejam comuns em galáxias próximas, a detecção dessa absorção faz com que ela seja a mais distante já observada. A causa precisa dessa feição não é conhecida ainda, embora outros estudos indicam que os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e a presença de grafite sejam possíveis suspeitos. Estudos anteriores desse evento mostram outras feições espectrais novas.

Um artigo de Sheffer et al. observa que o espetro também revelou a presença de hidrogênio molecular. Novamente, esse tipo de feição é comum no universo local e em muitas outras galáxias, mas nunca tinha sido observado nem relacionado a galáxias onde explosões de GRB ocorrem. O hidrogênio molecular (bem como outros componentes moleculares) tornam-se desassociados em altas temperaturas como em galáxias que contém grande quantidade de estrelas se formando que produziriam regiões com grandes estrelas capazes de disparar as GRBs.

 Com observações de uma molécula, a equipe liderada por Sheffer suspeitou que existam grandes quantidade de outras moléculas, como monóxido de carbono. Isso também foi detectado pela primeira vez em um ambiente hospedeiro de GRB. Esse ambiente incomum pode ajudar a explicar uma classe de GRBs conhecida como explosões ópticas subluminosas ou explosões escuras, onde o componente óptico da explosão é menos brilhante do que o previsto em comparação com as mais tradicionais GRBs.
Créditos:Ciência e Tecnologia

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