Lua de Júpiter está recheada de fogo

Imagens captadas pela sonda Galileu revelaram que lua Io tem um oceano de magma em seu centro
Estrutura interna da lua Io, revelada pela sonda Galileu, é um oceano de magma com mais de 50 km de espessura.Foto: University of Michigan/ University of California at Los Angles
A lua Io, que gira ao redor do planeta Júpiter, talvez seja o corpo celeste que mais se aproxima do conceito de “inferno”. Com a maior atividade vulcânica do sistema solar, seus mais de 400 vulcões ativos jorram lava e conferem a Io um aspecto um tanto quanto peculiar. Uma nova análise dos dados coletados pela sonda espacial Galileu levou os pesquisadores a concluir que, por dentro, a lua está recheada de magma. Basicamente é um oceano de magma com mais de 50 quilômetros de espessura, sendo que cerca de 20% dele está derretido. “Ficamos muito surpresos com a descoberta. Não porque achamos algo totalmente inesperado, pois ideias teóricas já sugeriam que poderia haver um oceano de magma em Io. A surpresa foi devido ao fato de um modelo de oceano de magma corresponder tão bem às observações que fizemos e também por ela nos fornecer a espessura e a porcentagem derretida do oceano de magma”, explicou ao iG Krishan Khurana, principal autor do artigo, da Universidade da California em Los Angeles, Estados Unidos. A descoberta põe também fim a duas dúvidas antigas. “Finalmente entendemos, com pequena margem de dúvida, de onde os vulcões de Io pegam todo o magma e também porque o magma é distribuído de maneira tão uniforme na superfície lunar. Agora, temos também uma explicação para a falta de um campo magnético interno em Io. Nosso trabalho sugere que o oceano de magma age como uma barreira ao resfriamento do centro da lua, impedindo que haja convecção [movimento de um fluido que gera um campo magnético]. Sem convecção um núcleo metálico não consegue gerar uma campo magnético”, afirmou Khurana.
Io, o corpo mais vulcânico do Sistema Solar, é aqui visto nesta imagem obtida pela sonda Galileu em 1996. As características mais pequenas e discerníveis têm 2,5 km de tamanho. Crédito: NASA/JPL/Universidade do Arizona

Descobertas

Os vulcões de Io foram descobertos pela primeira vez em 1979 com auxílio da espaçonave Voyager. Posteriormente, estudos revelaram que a energia necessária a essa atividade era proveniente da gigantesca força gravitacional exercida por Júpiter, que deforma, comprime e alonga o satélite. A sonda Galileo foi lançada em 1989 e passou a orbitar Júpiter em 1995. Em outubro de 1999 a sonda fez a primeira aproximação da lua Io e constatou uma série de anomalias no campo magnético do satélite. Em fevereiro de 2000 a Galileo fez nova incursão sobre Io e confirmou as estranhas assinaturas magnéticas. Após uma missão bem sucedida, em 2003 a nave foi arremessada intencionalmente contra a atmosfera jupteriana, coletando dados importantes sobre a composição do gigante gasoso.

Estudos

"Durante a última fase da missão Galileo, os modelos de interação entre Io e o imenso campo magnético de Júpiter não eram sofisticados o suficiente para entendermos o que estava acontecendo no interior de Io", disse Xianzhe Jia, coautor do estudo, ligado à Universidade de Michigan. Trabalhos recentes na física dos minerais demonstraram que um grupo de rochas conhecidas como ultramáficas tornam-se capazes - quando fundidas - de conduzir substanciais valores de corrente elétrica. As rochas ultramáficas são de origem ígnea ou se formam através do resfriamento do magma. Na Terra, acredita-se que se originam no manto. Essa descoberta levou Khurana e seus colegas a testar a hipótese de que a estranha assinatura magnética registrada pela Galileo podia ser causada pela corrente elétrica que flui nesse tipo de rocha derretida. Os testes mostraram que as assinaturas eram consistentes com o lherzolito, um tipo de rocha ígnea rica em silicatos de magnésio e de ferro encontrado em Spitzbergen, na Suécia. Os estudos também demonstraram que a camada de magma em Io tem cerca de 50 quilômetros e ocupa pelo menos 10% do volume do manto. A temperatura calculada do oceano magmático é de cerca de 1200 graus Celsius.

Io

Io é uma dos quatro grandes satélites de Júpiter conhecidos como Luas de Galileu, batizadas assim em homenagem ao seu descobridor Galileu Galilei. É ligeiramente maior que a nossa Lua e também a quarta maior lua do sistema solar. Seu período orbital é de 1.7 dias e sua temperatura média é de -143 ºC

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