Super-Terra: A Nova Classe de Corpos Planetários

É do nosso conhecimento geral do Sistema Solar que os planetas encontram-se em duas categorias: gigantes gasosos como Júpiter, Saturno, Neptuno e Úrano... e corpos rochosos que suportam algum tipo de atmosfera como a Terra, Marte e Vénus. No entanto, à medida que nos afastamos no espaço começamos a perceber que o Sistema Solar é único porque não tem uma estrutura planetária que assenta no meio. Mas lá por não termos uma, não quer dizer que não exista. De facto, os astrónomos já descobriram mais de 30 e chamam a esta nova de classe planetas "super-Terras".
Ilustração do tamanho inferido da super-Terra CoRoT-7b (centro), em comparação com a Terra e com Neptuno.Crédito: Aldaron"
As super-Terras, uma classe de corpos planetários com massas que variam entre as várias massas terrestres até ligeiramente mais pequenos que Úrano, recentemente obtiveram um lugar especial na ciência exoplanetária," afirma Nader Haghighipour do Instituto de Astronomia e do Instituto de Astrobiologia da NASA, na Universidade do Hawaii. "Sendo maiores que um típico planeta terrestre, as super-Terras podem ter características físicas e dinâmicas similares às da Terra, e ao contrário dos planetas terrestres, são relativamente fáceis de detectar. A existência de uma super-Terra na vizinhança abre a avenida para a habitabilidade. Planetas deste género têm um núcleo dinâmico e são capazes de manter uma atmosfera. Quando combinados com a sua localização dentro da zona habitável de uma estrela, levantam a probabilidade de vida noutros planetas. "É importante notar que a noção de habitabilidade é definida com base na vida como a conhecemos. Dado que a Terra é o único planeta habitado conhecido, as características orbitais e físicas da Terra são usadas para definir um planeta habitável," afirma Haghighipour. "Por outras palavras, a habitabilidade é característica de um ambiente com propriedades semelhantes àquelas da Terra, e a capacidade de desenvolver e suster vida tipo-Terra."  Mas ser uma super-Terra significa muito mais. Para um planeta ser qualificado como tal, precisa preencher três requisitos: a sua composição, a manifestação de placas tectónicas e a presença de um campo magnético. Para o primeiro, a presença de água líquida tem alta prioridade. Em ordem a determinar esta possibilidade, os valores da sua massa e raio têm que ser conhecidos. Até à data, duas super-Terras para os quais estes valores foram determinados - CoRoT-7b e GJ 1214b - deram-nos modelos numéricos fascinantes para melhor ajudar a compreender a sua composição. As placas tectónicas também desempenham um papel através da evolução geofísica - tal como a presença de um campo magnético é considerado essencial para a habitabilidade.  "Se e como os campos magnéticos são desenvolvidos em torno das super-Terras é um tópico de pesquisa activa," nota Haghighipour. "No geral, para um campo magnético existir em torno de um planeta tipo-Terra, é preciso existir um dínamo no núcleo do planeta."  Por último, mas não menos importante, vem a atmosfera - a "presença de uma atmosfera tem efeitos profundos na sua capacidade de desenvolver e manter vida." A partir das suas propriedades químicas podemos derivar as "possíveis bioassinaturas do planeta", bem como os químicos que a formaram. Uma atmosfera significa ambiente e tudo isto leva à zona habitável e a gravidade suficiente para impedir com que as moléculas atmosféricas escapem. De acordo com Haghighipour, "não seria irrealista assumir que as super-Terras contêm invólucros gasosos. Em torno de estrelas de baixa-massa, algumas destas super-Terras atmosféricas podem até ter órbitas estáveis nas zonas habitáveis."  Já detectámos alguma super-Terra? Sim... e já estudámos até a sua assinatura espectral. "A recém-descoberta super-Terra GL 581g, com a sua possível circulação atmosférica na zona habitável da estrela, pode de facto ser um destes planetas," afirma Haghighipour. "Mas são precisos telescópios mais avançados para identificar as bioassinaturas destes corpos e as características físicas e composicionais das suas atmosferas."

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