Sondas gémeas colidem com montanha lunar

Esta imagem mostra o percurso final das sondas GRAIL.Crédito: NASA/JPL-Caltech/GSFC/ASU

Um par de sondas gémeas que mapearam a gravidade na Lua terminou a sua missão científica ontem (dia 17) tornando-se intimamente ligadas com a força do satélite natural. As sondas GRAIL, com o tamanho de máquinas de lava-louça, colidiram no limite de uma cratera no Pólo Norte da Lua às 22:28 horas (hora de Portugal) de ontem. O par foi empurrado intencionalmente porque a sua órbita baixa e os níveis de combustível restante impediam mais operações científicas. Os impactos, que foram dirigidos por impulsos anteriores, foram projectados para impedir as duas sondas de colidirem com locais históricos na superfície da Lua. A NASA queria descartar qualquer possibilidade das sondas gémeas atingirem a superfície perto de qualquer dos locais históricos de exploração lunar, nos locais de aterragem das Apollo ou das sondas russas Luna," afirma David Lehman, gestor do projecto GRAIL no JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia.

 Antes de cada dos disparos de foguetes das sondas, que foram realizados na sexta-feira (14 de Dezembro), os navegadores calcularam que as probabilidades de ambas as sondas impactarem num local histórico eram cerca de sete em um milhão.  Em vez disso, as sondas GRAIL, que receberam as alcunhas de "Ebb" e "Flow" num concurso escolar, caíram com força na vizinhança da cratera Goldschmidt, localizada no lado visível da Lua. De acordo com os cientistas, cada sonda atingiu a superfície lunar a cerca de 6050 km/h. As colisões foram separadas por cerca de 32 segundos, em que Flow seguiu Ebb para o lado de uma montanha num local que recebeu o nome de Sally Ride, a primeira mulher americana no espaço. Não foram recolhidas imagens do fim porque a área estava nessa altura à sombra.

Imagem de ecrã de dados de engenharia que mostra a trajectória das duas sondas GRAIL cerca de 2 minutos antes do impacto de Ebb. Crédito: NASA TV
 
A missão GRAIL (Gravity Recovery and Interior Laboratory) de 496 milhões de dólares foi lançada a bordo de um foguetão Delta 2 a partir de Cabo Canaveral, Flórida, EUA, em Setembro de 2011. Ebb e Flow chegaram à Lua no dia de Ano Novo. Em órbita, a dupla de sucesso levou a cabo missões científicas principais e prolongadas, o que produziu o mapa gravítico de mais alta resolução de qualquer corpo celeste, proporcionando uma melhor compreensão de como a Terra e outros planetas rochosos do Sistema Solar se formaram e evoluíram. O mapa foi criado pela transmissão de sinais de rádio, com o objectivo de definir com precisão a distância entre as duas sondas, à medida que voavam em redor da Lua em formação. Como orbitaram em áreas de maior e menor gravidade provocadas por características visíveis - como montanhas e crateras - e massas ocultas sob a superfície, a distância entre as duas sondas mudava ligeiramente. Além de mapear a gravidade da Lua, Ebb e Flow também foram equipadas com pequenas câmaras controladas por estudantes. O programa MoonKAM - que até à sua morte em Julho, foi liderado por Sally Ride - permitiu com que estudantes sugerissem e definissem áreas na Lua a serem trabalhadas para o seu estudo.

Ebb e Flow levaram a cabo uma última experiência antes do final da sua missão. As duas sondas dispararam os seus motores principais até que os seus tanques de combustível ficassem vazios para determinar com precisão a quantidade de combustível que restava. Os dados destas últimas propulsões vai ajudar os engenheiros a validar modelos de consumo de combustível para melhorar as previsões das necessidades de propulsão em missões futuras.  Uma coisa é certa - acabaram a sua missão em alta," afirma Lehman. "Mesmo durante a última metade da sua última órbita, levámos a cabo uma experiência de engenharia que poderá ajudar missões futuras a operar de forma mais eficiente."

Dado que a quantidade exacta de combustível restante em cada sonda era desconhecida, os navegadores das GRAIL e os engenheiros projectaram o esgotamento para permitir com que as sondas descessem gradualmente durante várias horas e depois roçassem a superfície até que o terreno elevado da montanha-alvo impedisse a sua viagem.  Tivemos a nossa quota-parte de desafios durante esta missão e sempre fomos bem sucedidos, mas ninguém que eu conheça colidiu com uma montanha na Lua," exclama Lehman. "Há sempre uma primeira vez para tudo."
Fonte: Astronomia On -Line

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