Fermi celebra cinco anos no espaço, entra em missão prolongada

O retrato do céu pelo Fermi a energias superiores a 1 GeV foi melhorando com cada vez mais dados. Esta animação compara uma região com 20 graus de largura na direcção da constelação de Virgem, após o primeiro e quinto ano de operações do Fermi. Muitas outras fontes adicionais (amarelo, vermelho) aparecem na imagem mais recente. Crédito: NASA/DOE/Colaboração LAT do Fermi 
 
Durante a sua missão principal de cinco anos, o Telescópio Espacial de Raios-Gama Fermi da NASA deu aos astrónomos um retrato cada vez mais detalhado dos fenómenos mais extraordinários do Universo, desde buracos negros gigantes no coração de galáxias distantes a tempestades na Terra. Mas o seu trabalho ainda não acabou. A 11 de Agosto, o Fermi entrou na fase prolongada da sua missão - um estudo mais profundo do cosmos de alta energia. Este é um passo importante em direcção à meta prevista da equipa científica de uma década de observações, terminando em 2018.
 
"À medida que o Fermi abre o seu segundo acto, tanto a nave como os seus instrumentos permanecem de excelente saúde e a missão recolhe dados científicos excepcionais," afirma Paul Hertz, director da divisão de astrofísica da NASA em Washington, EUA. O Fermi revolucionou a nossa visão do Universo em raios-gama, a forma de luz mais energética. As descobertas do observatório incluem novas perspectivas sobre muitos processos de alta energia, desde estrelas de neutrões em rápida rotação, também conhecidas como pulsares, dentro da nossa Galáxia, até jactos alimentados por buracos negros supermassivos em galáxias jovens e distantes.
 
O LAT (Large Area Telescope), o instrumento principal da missão, varre o céu inteiro a cada três horas. O detector topo de gama tem uma visão mais nítida, com maior ângulo e abrange um leque mais amplo de energia do que qualquer instrumento similar no espaço. "À medida que o LAT constrói uma imagem cada vez mais detalhada do céu de raios-gama, revela simultaneamente como é a dinâmica do Universo a estas energias," afirma Peter Michelson, investigador principal do instrumento e professor de física na Universidade de Stanford, no estado americano da Califórnia.
Esta imagem mostra todo o céu a energias superiores a 1 GeV com nos cinco anos de dados do instrumento LAT a bordo do Telescópio Espacial Fermi. As cores mais brilhantes indicam fontes mais brilhantes em raios-gama.Crédito: NASA/DOE/Colaboração LAT do Fermi
 

O instrumento secundário do Fermi, o GBM (Gamma-ray Burst Monitor), vê todo o céu a qualquer instante, à excepção da parte bloqueada pela Terra. Esta cobertura de todo o céu permite com que o Fermi detecte mais explosões de raios-gama (GRBs) e ao longo de uma gama energética mais ampla, do que qualquer outra missão. Pensa-se que estas explosões, as mais poderosas do Universo, acompanhem o nascimento de novos buracos negros de massa estelar. "Já foram vistos pelo GBM mais de 1200 GRBs, mais de 500 proeminências do Sol e algumas centenas de proeminências de estrelas de neutrões altamente magnetizadas na nossa Galáxia," afirma Bill Paciesas, investigador principal e cientista sénior da Associação de Pesquisa Espacial do Instituto de Tecnologia e Ciência em Huntsville, no estado americano do Alabama.
 
O instrumento também detectou cerca de 800 "flashes" de raios-gama oriundos de trovoadas. Estas explosões fugazes duram apenas alguns milésimos de segundo, mas as suas emissões estão entre as mais energéticas que ocorrem naturalmente na Terra. Um dos resultados mais surpreendentes do Fermi até agora foi a descoberta de bolhas gigantes que se estendem mais de 25.000 anos-luz para cima e para baixo do plano da nossa Galáxia. Os cientistas pensam que estas estruturas podem ter-se formado como resultado de explosões passadas do buraco negro - com uma massa de 4 mil milhões de Sóis - que reside no centro da Via Láctea.
 
A equipe está a ponderar uma nova estratégia de observação que envolve o LAT fazer exposições mais profundas da região central da Via Láctea, um reino repleto de pulsares e outras fontes altamente energéticas. Esta área é também um dos melhores locais para procurar sinais de raios-gama oriundos da matéria escura, uma substância elusiva que não emite nem absorve luz visível. De acordo com algumas teorias, a matéria escura é composta por partículas exóticas que produzem um flash de raios-gama quando interagem.
 
"Nos próximos anos, a maioria das novas instalações astronómicas que exploram outros comprimentos de onda irão complementar o Fermi e dar-nos o melhor olhar sobre os eventos mais poderosos do Universo," afirma Julie McEnery, cientista do projecto da missão do Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado americano de Maryland.
Fonte: Astronomia On-Line

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