A última grande chuva de meteoros do ano

Geminídeas fotografadas no Kitty Peak, Arizona, em 2010, por David Harvey

Para quem precisa de uma desculpa para ficar acordado até mais tarde hoje, aqui vai: na madrugada de sexta para sábado temos o ápice das geminídeas, uma das mais prolíficas chuvas de meteoros de periodicidade anual. Ela emana da constelação de Gêmeos, quando a Terra atravessa a órbita do asteroide Faetonte — um objeto um tanto quanto estranho. Com cerca de 5 km de diâmetro, ele tem uma órbita bastante oval, que o leva bem perto do Sol. A julgar só pelos parâmetros orbitais, ele mais parece um cometa de curto período do que um asteroide.
 
“Há até quem desconfie que ele se trata de um núcleo extinto de cometa”, afirma Gustavo Rojas, astrônomo da Universidade Federal de São Carlos. Núcleo extinto é o que sobra dos cometas depois que todo o gelo contido neles evapora e só sobram materiais rochosos. Seja o que for o Faetonte, fato é que ele passa perto do Sol, se esfarela e deixa um monte de pequenos detritos ao longo de sua órbita. Quando a Terra passa pelo caminho dele, os detritos deixados adentram a atmosfera do nosso planeta, produzindo o fenômeno das estrelas cadentes. E bota estrela cadente nisso: segundo as estimativas, para este ano são esperadas cerca de 120 por hora, no momento de máximo esplendor.
 
COMO OBSERVAR
 
Chuvas de meteoros dispensam qualquer instrumento óptico. Como as estrelas cadentes são muito rápidas, não dá tempo de apontar nem um binóculo, de forma que o melhor a fazer é simplesmente buscar um local que dê a visão mais ampla possível do céu e esperar pacientemente pelos meteoros. Procure um local escuro, ou seja, com pouca poluição luminosa, e deixe a vista se acostumar à baixa luminosidade, para que os olhos caprichem na hora de observar o céu. A partir da meia-noite, a constelação de Gêmeos já surge no horizonte leste. É quando vale a pena começar a prestar atenção.
 
Não é preciso necessariamente olhar para a constelação, pois de lá parte apenas a direção dos meteoros. Quanto à posição, podem surgir em qualquer região do céu. Mas uma vantagem de olhar para lá é manter os olhos longe da Lua, que está quase cheia e vai ofuscar a tentativa de ver os meteoros. (Quando der uma passada d’olhos em nosso satélite natural, lembre-se de que neste sábado a sonda chinesa Chang’e-3 tentará pousar por lá e mande suas energias positivas!)
 
Contudo, a coisa fica ainda melhor lá pelas 4h da manhã, quando a Lua já foi embora no horizonte oeste, e Gêmeos está mais alto no céu (procure a constelação localizando Júpiter, que por lá está e a esta altura será o planeta mais brilhante no céu). Os meteoros aparecem no céu como risquinhos amarelados, transitando rapidamente antes de sumir. Importante lembrar que esses detritos deixados pelo Faetonte são pequeninos e queimam na atmosfera sem deixar traços. O fenômeno é completamente inofensivo.
Fonte: Mensageiro Sideral

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