Tratado impede que jipe-robô Curiosity investigue água em Marte

Jipe Curiosity

Embora esteja próximo de algumas das possíveis fontes de água detectadas na superfície marciana, um tratado internacional impede que qualquer sonda se aproxime delas, o que torna a inspeção direta dos locais um problema de difícil solução. Desde que a NASA anunciou a possível presença de "água úmida" na superfície de Marte, diversas possibilidades passaram a ser levantadas para que se possa de fato "testar" essa água diretamente, principalmente sobre a sua origem. No entanto, essa pesquisa direta não é tão simples assim e o motivo não é a falta de tecnologia ou os custos para sua execução.

O problema está em um tratado da ONU (Organização das Nações Unidas) assinado em 1967 (inclusive pelo Brasil), que determina as políticas relativas à exploração espacial da Lua e de outros planetas. Atualmente, o jipe-robô Curiosity está a menos de 50 km de distância de uma das fontes de "água úmida" recém-detectadas. No entanto, para chegar até Marte o robô precisou viajar 225 milhões de quilômetros e neste trajeto pode ter sido contaminado por todo o tipo de partícula ou até mesmo micróbios, o que o torna possivelmente "sujo", violando o artigo IX do Tratado de Exploração Espacial.

Esse artigo diz, de modo simplificado, que os signatários do tratado devem realizar os estudos na Lua e nos corpos celestes com extremo cuidado, de modo a evitar a sua nociva contaminação e também possíveis alterações prejudiciais no ambiente da Terra, que possa ser resultante da introdução de substâncias extraterrestres. Como se sabe, antes de partir rumo a outros planetas as naves são submetidas a intensas sessões de esterilização, mas nenhuma delas no grau necessário para a exploração da água no Planeta vermelho.

De acordo com Rich Zurek, cientista-chefe da Nasa para as missões a Marte, nenhum dos robôs atualmente em atividade no solo marciano está esterilizado no grau necessário para se aproximar da área onde o líquido possa estar presente. Segundo o astrobiólogo Malcolm Walter, a Nasa e outras agências tem condições plenas de esterilizar em 100% qualquer objeto, mas a quantidade de radiação necessária é tão grande que fatalmente danificaria os instrumentos eletrônicos a bordo de uma nave. 

"De modo a esterilizar 100% deve-se usar poderosas radiações ionizantes ou então calor intenso, mas ambos danificariam os instrumentos. Não é nada fácil fazer isso", explicou Walter.


Então, como fazer?

Como amplamente divulgado, a NASA tem planos de enviar seres humanos a Marte em 2030, então talvez esses astronautas possam ver com seus próprios olhos a "água úmida" correndo em ranhuras marcianas. Outra possibilidade seria o envio de robôs capazes de construir, lá em Marte, outros robôs livres de contaminação. Essa possibilidade não é tão utópica como parece, já que a NASA vem desenvolvendo robôs capazes de imprimir estruturas em 3D, que poderiam ser usadas no planeta. Até lá, tanto o Curiosity como o Opportunity terão que se conformar com a pouca higiene e manterem-se bem longe da água. 
Em outras palavras, nada de banho, por enquanto. 
Fonte: APOLO11.COM - http://www.apolo11.com/                                         


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