Astrônomos ilustram morte de VY Canis Majoris, maior estrela da Via Láctea

Pesquisadores usaram dados do telescópio Atacama Large Millimeter Array (Alma) para descobrir os processos pelos quais estrelas hipergigantes passam no final de suas vidas.

Impressão artística da estrela hipergigante vermelha VY Canis Majoris (Foto: NASA / ESA / Hubble / R. Humphreys, Universidade de Minnesota / J. Olmsted, STScI.)

Estrelas hipergigantes são muito incomuns, com apenas algumas conhecidas na Via Láctea. Uma dessas raridades foi acompanhada por astrônomos, que criaram uma imagem tridimensional da morte do astro, conhecido como VY Canis Majoris (VY CMa). O feito foi apresentado em 13 de junho na 240ª Reunião da Sociedade Astronômica Americana em Pasadena, na Califórnia. A equipe que realizou o acompanhamento da estrela moribunda teve liderança de pesquisadores da Universidade do Arizona.

Os astrônomos traçaram a distribuição, direções e velocidades de uma variedade de moléculas em torno de VY Canis Majoris. A hipergigante vermelha fica a mais de 3 mil anos-luz da Terra na constelação de Canis Major. O astro apresenta entre 10 mil a 15 mil UA (unidades astronômicas), sendo que 1 UA equivale à distância média entre o nosso planeta e o Sol.

De acordo com Lucy Ziurys, uma das líderes do estudo, VY CMa é possivelmente a estrela mais massiva da Via Láctea. Ela compara o astro a uma “versão em esteroides” de Betelgeuse, uma hiperestrela que é a segunda estrela mais brilhante da constelação de Órion. "[VY CMa] É muito maior, muito mais massiva e sofre violentas erupções em massa a cada 200 anos ou mais”, conta a cientista.

Para descobrir mais detalhes dos processos pelos quais as hipergigantes passam ao terminarem suas vidas, os pesquisadores começaram a rastrear certas moléculas ao redor de VY CMa e mapeá-las com imagens preexistentes de poeira, obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble.

Ninguém antes foi capaz de fazer uma imagem completa desta estrela, de acordo com Ziurys. Mas, de modo inédito, a equipe estudou os mecanismos de perda de massa do astro, que pareceram diferentes aos de estrelas menores que no final da vida viram gigantes vermelhas.

O que se observou, segundo a cientista, não foi uma perda de massa simétrica, mas sim células de convecção através da fotosfera da estrela, soprando como “balas gigantes” e ejetando massa em direções diversas. “Essas são análogas aos arcos coronais vistos no Sol, mas um bilhão de vezes maiores”, compara a estudiosa.

Utilizando o telescópio Atacama Large Millimeter Array (Alma), no Chile, os pesquisadores rastrearam a variedade de moléculas do material da superfície estelar. Com isso, obtiveram mapas preliminares de óxido de enxofre, dióxido de enxofre, óxido de silício, óxido fosforoso e cloreto de sódio. Por fim, o grupo montou uma imagem geral da estrutura do fluxo molecular de VY CMa.

Ao moverem as 48 antenas de rádio do Alma, os pesquisadores conseguiram ainda informações sobre as direções e velocidades das moléculas, podendo relacioná-las a eventos de ejeção de massa. De acordo com Ambesh Singh, cientista que colidera a pesquisa, foram processados quase um terabyte de dados — e para calibrar esse volume, será preciso um ou dois dias para cada molécula.

"Com essas observações, agora podemos colocá-las em mapas no céu", garante  Ziurys. "Até agora, apenas pequenas porções dessa enorme estrutura foram estudadas, mas você não pode entender a perda de massa e como essas grandes estrelas morrem a menos que você olhe para toda a região. É por isso que queríamos criar uma imagem completa", explica.

Fonte: Galileu

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