Resolvido um mistério em torno das cinturas de radiação de Úrano

 Cientistas do SwRI (Southwest Research Institute) pensam ter resolvido um mistério com 39 anos sobre as cinturas de radiação em torno de Úrano.

Cientistas do SwRI compararam os impactos climáticos de uma estrutura rápida de vento solar (primeiro painel) que levou a uma intensa tempestade solar na Terra em 2019 (segundo painel) com as condições observadas em Úrano pela Voyager 2 em 1986 (terceiro painel) para potencialmente resolver um mistério com 39 anos acerca das cinturas de radiação extremas encontradas. Crédito: SwRI

Em 1986, quando a Voyager 2 fez o primeiro e único "flyby" por Úrano, mediu uma cintura de radiação de eletrões surpreendentemente forte a níveis significativamente mais elevados do que o previsto. Baseada em extrapolações de outros sistemas planetários, a cintura de radiação de eletrões de Úrano encontrava-se muito acima dos parâmetros esperados. Desde então, os cientistas têm-se perguntado como é que o sistema uraniano poderia suportar uma cintura de radiação de eletrões tão intensa, num planeta diferente de tudo o que existe no Sistema Solar.

Com base em novas análises, os cientistas do SwRI teorizam que as observações da Voyager 2 podem ter mais em comum com os processos na Terra provocados por grandes tempestades de vento solar. Os cientistas pensam agora que uma estrutura de vento solar - conhecida como uma região de interação corrotante - estava provavelmente a passar pelo sistema uraniano. Isto poderia explicar os níveis extremos de energia observados pela Voyager 2.

"A ciência avançou muito desde a passagem da Voyager 2", disse o Dr. Robert Allen do SwRI, autor principal de um artigo científico que descreve esta investigação. "Decidimos adotar uma abordagem comparativa, olhando para os dados da Voyager 2 e comparando-os com as observações da Terra que fizemos nas décadas seguintes".

Este novo estudo indica que o sistema uraniano pode ter sofrido um evento climático espacial durante a visita da Voyager 2, que levou a poderosas ondas de alta frequência, as mais intensas observadas durante toda a missão da Voyager 2. Em 1986, os cientistas pensavam que estas ondas dispersariam os eletrões que se perderiam na atmosfera de Úrano. Mas desde então, disse Allen, os cientistas aprenderam que essas mesmas ondas, sob certas condições, podem também acelerar os eletrões e fornecer energia adicional aos sistemas planetários.

"Em 2019, a Terra passou por um desses eventos, que causou uma imensa quantidade de aceleração de eletrões da cintura de radiação", disse a Dra. Sarah Vines do SwRI, coautora do artigo científico. "Se um mecanismo semelhante interagiu com o sistema uraniano, isso explicaria por que a Voyager 2 viu toda esta energia adicional inesperada".

Mas estas descobertas também levantam muitas questões adicionais sobre a física fundamental e a sequência de eventos que permitiriam estas intensas emissões de ondas. 

"Esta é apenas mais uma razão para enviar uma missão a Úrano", disse Allen. "As descobertas têm implicações importantes para sistemas semelhantes, como o de Neptuno"

Astronomia OnLine

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