EXPLICADA A ORIGEM DA MISTERIOSA LUZ ZODIACAL

A poeira entre os planetas que espalha a luz do Sol em nossa direção não é proveniente do cinturão de asteróides (em verde), mas é originada a partir de cometas destruídos afetados por Júpiter (a família 'Júpiter' de cometas).
 A origem do misterioso brilho que se prolonga pelo céu nocturno foi identificado por cientistas que examinaram as partículas que compõem a luminosa nuvem de poeira. Com o nome de Luz Zodiacal, o ténue brilho é provocado por milhões de pequenas partículas ao longo do percurso seguido pelo Sol, pela Lua e pelos planetas, também conhecido como eclíptica.
O brilho ténue e esbranquiçado, que pode melhor ser observado no céu nocturno mesmo depois do pôr-do-Sol ou antes do nascer-do-Sol na Primavera e no Outono, foi pela primeira vez identificado por Joshua Childrey em 1661 como luz solar espalhada na nossa direcção por partículas de poeira no Sistema Solar.
Mesmo assim, a fonte desta espessa nuvem de poeira tem sido tópico de debate.
Num novo estudo, David Nesvorny e Peter Jenniskens descobriram que mais de 85% da poeira zodiacal é oriunda da família de cometas de Júpiter (assim denominados porque as suas órbitas são alteradas pela passagem próxima pelo gigante gasoso, Júpiter), e não de asteróides, como se pensava anteriormente.
"Este é o primeiro modelo inteiramente dinâmico da nuvem zodiacal," afirma Nesvorny, cientista planetário do Instituto de Pesquisa do Sudoeste em Boulder, Colorado, EUA. "Nós descobrimos que a poeira dos asteróides não é agitada o suficiente ao longo da sua vida para tornar a nuvem de poeira zodiacal tão espessa como é. Apenas a poeira de cometas de curto-período é suficientemente dispersada por Júpiter para tal acontecer."
Luz Zodiacal observada em Paranal.
Crédito: ESO
Os investigadores identificaram a poeira oriunda da família de cometas de Júpiter após examinar a forma da nuvem zodiacal, afirma Nesvorny. "Outros cometas, como os cometas tipo-Halley, têm grandes inclinações orbitais," salienta Nesvorny. "Eles aproximam-se do Sistema Solar interior a partir de todas as direcções, por isso se fossem estes os produtores da nuvem zodiacal, seria quase uma bola e não um disco. Os telescópios como o Spitzer, mostram que a nuvem zodiacal é um disco. Isto aponta para a família de cometas de Júpiter, que têm inclinações mais moderadas."
Estes resultados confirmam o que Jenniskens, um astrónomo do Instituto SETI em Mountain View, Califórnia, há muito suspeitava. Perito em chuvas de meteoros, Jenniskens notou que a maioria delas consiste de poeira que se move em órbitas similares às dos cometas da família de Júpiter.
Jenniskens descobriu um cometa inactivo na chuva de meteoros Quadrântidas em 2003 e desde aí já identificou vários corpos do mesmo género.

Dominic Cantin fotografou a Luz Zodiacal perto de Quebec, Canadá, em agosto de 2000, um uma exposição de 2 minutos. O ponto brilhante à direita é o planeta Vênus. Crédito: Dominic Cantin

Embora a maioria deles estejam actualmente inactivos na sua órbita actual em torno do Sol, todos se fragmentaram violentamente à mesma altura, há milhares de anos atrás, criando detritos na forma de correntes de poeira que agora migraram para a órbita da Terra.
Nesvorny e Jenniskens, com a ajuda de Harold Levison e William Bottke do Instituto de Pesquisa do Sudoeste, David Vokrouhlicky do Instituto de Astronomia da Universidade Charles em Praga, e Matthieu Gounelle do Museu de História Natural em Paris, demonstraram que estas perturbações cometárias explicam a espessura observada na camada de poeira da nuvem zodiacal.

E ao fazê-lo, resolveram outro mistério.

Há muito que se sabe que a neve na Antártica contém uma percentagem notável de micrometeoritos, e que 80-90% destes têm uma composição primitiva peculiar, rara entre os meteoritos maiores que se formaram a partir de asteróides. "Estes micrometeoritos são pequenos meteoritos com aproximadamente 0,1 mm em tamanho," explica Nesvorny. "São encontrados no gelo da Antártica, e não se sabia porque é que têm uma composição diferente dos maiores meteoritos encontrados noutros lados."
Nesvorny e Jenniskens sugerem que os micrometeoritos da Antártica são na realidade fragmentos de cometas, o que explica a composição diferente dos outros meteoritos que vêm da cintura de asteróides. De acordo com os seus cálculos, os grãos cometários mergulham pela atmosfera da Terra a velocidades baixas o suficiente para sobreviverem e alcançarem o chão. O estudo encontra-se na edição de 20 de Abril do Astrophysical Journal.
Fonte:Astronomia On-Line

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