Tempestade solar pode causar interferências eletromagnéticas

A violenta explosão solar ocorrida nas primeiras horas de terça-feira arremessou ao espaço uma das maiores cargas de massa coronal já registrada. Apesar de não representar qualquer perigo, esperam-se distúrbios de radiopropagação nas faixas de baixa frequência e desvios significativos em bússolas localizadas principalmente no hemisfério norte.
Animação registrada pelo observatório solar SOHO mostra a gigantesca explosão solar ocorrida às 06h17 UTC do dia 7 de junho de 2011. Os pontos que parecem brilhar de forma aleatória são partículas altamente carregadas - prótons e elétrons - que atingiram o CCD do instrumento de observação a bordo do satélite. O ponto que se desloca da esquerda para direita é planeta Mercúrio, que no momento cruza o campo de observação do telescópio. Crédito: Nasa/ESA/SOHO/Apolo11.com.
A poderosa explosão ocorreu às 03h17 de terça-feira e teve como origem a mancha solar 1226, localizada na borda do disco solar. Devido a essa posição limítrofe, a maior parte das partículas carregadas foi ejetada em direção ao espaço, mas uma pequena parcela deverá atingir a Terra nas próximas 48 horas. Segundo modelos de previsão de clima espacial, a explosão acelerou as partículas a 1100 km/s e é nesta velocidade que se chocarão contra a magnetosfera da Terra. A primeira consequência é a possibilidade de auroras boreais nas latitudes mais elevadas, provocadas pela ionização dos átomos de nitrogênio e oxigênio na atmosfera superior. Excitado, o nitrogênio emite fótons no comprimento de luz verde enquanto o oxigênio emite luz no espectro do vermelho. Com relação às telecomunicações, as principais interferências ocorrem nos comprimentos de onda de frequências muito baixas - VLF - onde operam equipamentos de navegação e orientação de barcos e aeronaves. No entanto, devido à redundância de instrumentos utilizados para orientação e o uso de sistemas inerciais de orientação, esse seguimento é pouco afetado por tempestades solares. Embarcações que utilizam exclusivamente GPS para orientação poderão também perceber pequenos erros de posicionamento. O motivo é que esses instrumentos baseiam-se no tempo que as ondas eletromagnéticas chegam até o receptor. Durante as tempestades geomagnéticas a ionosfera terrestre se torna mais densa no comprimento de onda utilizado pelo sistema GPS, retardando em alguns microssegundos a recepção dos sinais. No entanto, modelos conhecidos como Ionosferic Delay permitem aos operadores do sistema levar em conta esse atraso, introduzindo correções para que o erro seja minimizado. Tempestades solares intensas também são responsáveis por danificar equipamentos a bordo de satélites e aumentar o arrasto deles na atmosfera, tornando frequente a necessidade de reposicionamento para que seja mantida a órbita programada. O setor elétrico também sofre com as perturbações do Sol, que geram correntes elétricas induzidas nas linhas de transmissão. Dependendo da intensidade da tempestade e da região do planeta, as correntes induzidas podem danificar transformadores e em casos mais graves até mesmo explodir equipamentos, principalmente se localizados nas latitudes elevadas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Lua eclipsa Saturno

Um rejuvenescimento galáctico

Uma enorme bolha de rádio com 65.000 anos-luz rodeia esta galáxia próxima

Marte Passando

Observações exploram as propriedades da galáxia espiral gigante UGC 2885

O parceiro secreto de Betelgeuse, Betelbuddy, pode mudar as previsões de supernovas

Telescópio James Webb descobre galáxias brilhantes e antigas que desafiam teorias cósmicas:

Telescópio James Webb encontra as primeiras possíveis 'estrelas fracassadas' além da Via Láctea — e elas podem revelar novos segredos do universo primitivo

Astrônomos mapeiam o formato da coroa de um buraco negro pela primeira vez

Mu Cephei