NuSTAR da NASA ajuda a resolver o enigma da rotação dos buracos negros

O concepção artistica que ilustra um buraco negro supermassivo com milhões de bilhões de vezes a massa do nosso sol. Buracos negros supermassivos são extremamente densos objetos enterrados no coração de galáxias. Crédito da imagem: NASA / JPL-Caltech
 
Dois observatórios de raios-X, o Nuclear Spectroscopic Telescope Array, ou NuSTAR da NASA e o SMM-Newton da ESA, mediram de forma definitiva, pela primeira vez, a taxa de rotação de um buraco negro com uma massa equivalente a 2 milhões de vezes a massa do Sol. O buraco negro supermassivo localiza-se no coração repleto de gás e poeira da galáxia conhecida como NGC 1365, e está girando a uma velocidade quase tão rápida quanto a permitida pela teoria da gravidade de Einstein. 

As descobertas aparecem num estudo publicado, hoje, dia 28 de Fevereiro de 2013, na Revista Nature. O estudo mostra como os astrônomos resolveram um debate de longa data na astronomia sobre medidas similares feitas em outros buracos negros e levarão a entender melhor como os buracos negros e as galáxias se desenvolvem. “Isso é muito importante para o campo da ciência dos buracos negros”, disse Lou Kaluzienski, um cientista do programa NuSTAR na sede da NASA em Washington.
 
As observações também funcionam como um poderoso teste para a teoria da relatividade geral de Einstein, que diz que a gravidade pode curvar o espaço-tempo, a fábrica que forma o nosso universo, e a luz que viaja através dela. “Nós podemos traçar a matéria à medida que cai em rotação na direção do buraco negro, usando os raios-X emitidos das regiões muito próximas do objeto”, disse a coautora do novo estudo, Fiona Harrison, pesquisadora principal do NuSTAR e sediada no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena. “A radiação que nós observamos é dobrada e distorcida pelos movimentos das partículas e pela incrivelmente forte gravidade do buraco negro”. O NuSTAR, uma missão da classe Explorer, lançada em Junho de 2012, foi desenhado para detectar a luz raio-X de mais alta energia e em grande detalhe. Ele complementa telescópios que observam a luz raio-X de baixa energia como o XMM-Newton e como o Observatório de Raio-X Chandra, da NASA.


Os cientistas medem as taxas de rotação de buracos negros supermassivos, espalhando a luz de raios-X em cores diferentes. Crédito da imagem: NASA / JPL-Caltech

Os cientistas usam esses e outros telescópios para estimar a taxa com a qual os buracos negros executam o seu movimento de rotação. Até agora, essas medidas não eram certas pois as nuvens de gás podiam obscurecer os buracos negros confundindo os resultados. Com a ajuda do XMM-Newton, o NuSTAR foi capaz de ver um intervalo muito maior de energias de raios-X e penetrar profundamente na região localizada ao redor do buraco negro. 

 Os novos dados demonstram que os raios-X não estão sendo dobrados pelas nuvens, mas sim pela tremenda gravidade do buraco negro. Isso prova que a taxa de rotação dos buracos negros supermassivos pode ser determinada de forma conclusiva. “Se eu pudesse adicionar um instrumento ao XMM-Newton, esse instrumento seria um telescópio como o NuSTAR”, disse Norbert Schartel, Cientista de Projeto do XMM-Newton do Centro da Agência Espacial Européia em Madrid. “Os raios-X de alta energia fornecem uma peça essencial para resolver esse problema”.
 
Medir a rotação de um buraco negro supermassivo é fundamental para entender sua história passada e da sua galáxia hospedeira também. “Esses monstros, com massas de milhões a bilhões de vezes a massa do Sol, são formados como pequenas sementes no início do universo e crescem engolindo estrelas e gás de suas galáxias hospedeiras, fundindo-se com outros buracos negros gigantes quando as galáxias colidem, ou ambos”, disse o autor principal do estudo Guido Risaliti do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics em Cambridge, Mass., e do Italian National Institute for Astrophysics. Buracos negros supermassivos são envoltos por uma panqueca de discos de crescimento, formados à medida que a sua gravidade puxa matéria para o seu interior. 

A teoria de Einstein prevê que quanto mais rápido um buraco negro gira, mais próximo do buraco negro o disco de crescimento se localiza. Quanto mais perto o disco de crescimento está, mais gravidade do buraco negro irá dobrar o jato de luz de raio-X que é expelido do disco.
 
Os astrônomos procuram por esses efeitos de dobras para analisar a luz raio-X emitida pelo ferro circulando no disco de crescimento. Nesse novo estudo, eles usaram tanto o XMM-Newton, como o NuSTAR de forma simultânea para observar o buraco negro na NGC 1365. Enquanto que o XMM-Newton revelou que a luz do ferro estava sendo dobrada, o NuSTAR provou que essa distorção vinda da gravidade do buraco negro e não das nuvens de gás na sua vizinhança. Os dados do NuSTAR sobre os raios-X de alta energia mostraram que o ferro estava tão perto do buraco negro que a gravidade deveria causar esse efeito de dobra. 

Com a possibilidade do obscurecimento das nuvens descartado, os cientistas podem agora usar as distorções na assinatura do ferro para medir a taxa de rotação do buraco negro. As descobertas podem ser aplicadas a alguns outros buracos negros, removendo assim as incertezas nas medidas anteriores da taxa de rotação dos mesmos.
Fonte: NASA

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atena para a Lua

Capacete de Thor

Messier 87

Lápis grosso

Messier 81

Messier 4

Banhado em azul

Finalmente, vida extraterrestre detectável?

James Webb confirma que há algo profundamente errado na nossa compreensão do universo

Observações do JWST detectam disco empoeirado ao redor da estrela central da Nebulosa do Anel