Espectro revela que exoplaneta extremo é ainda mais exótico
Considerado um Júpiter ultraquente - um lugar onde o ferro é
vaporizado, condensa no lado noturno e depois cai do céu como chuva - o
exoplaneta ardente WASP-76b pode ser ainda mais infernal do que os cientistas
pensavam.
Uma equipa internacional, liderada por investigadores da Universidade
de Cornell, da Universidade de Toronto e da Queen's University em Belfast,
relata a descoberta de cálcio ionizado no planeta - em espectros de alta
resolução obtidos com o telescópio Gemini Norte perto do cume do Mauna Kea no
Hawaii.
Os Júpiteres quentes são assim chamados devido às suas altas
temperaturas e devido à proximidade das suas estrelas. WASP-76b, descoberto em
2016, é um planeta do tamanho de Júpiter a cerca de 640 anos-luz da Terra, mas
está tão perto da sua estrela do tipo F - que é ligeiramente mais quente do que
o Sol - que o planeta gigante completa uma órbita a cada 1,8 dias terrestres.
"É notável que com os telescópios e instrumentos de hoje, já
possamos aprender muito sobre as atmosferas - os seus constituintes,
propriedades físicas, presença de nuvens e até mesmo padrões de vento em grande
escala - de planetas que orbitam estrelas a centenas de anos-luz de
distância," disse Jayawardhana.
O grupo avistou um raro trio de linhas espectrais em observações
altamente sensíveis da atmosfera do exoplaneta WASP-76b, publicado na revista
The Astrophysical Journal Letters no dia 28 de setembro e apresentado dia 5 de
outubro na reunião anual da Divisão de Ciências Planetárias da Sociedade
Astronómica Americana.
"Estamos a ver imenso cálcio; é uma característica muito forte,"
disse a primeira autora Emily Deibert, estudante de doutoramento na
Universidade de Toronto, cujo orientador é Jayawardhana.
"Esta assinatura espectral de cálcio ionizado pode indicar que o
exoplaneta tem ventos muito fortes na sua atmosfera superior," disse
Deibert. "Ou que a temperatura atmosférica no exoplaneta é muito mais alta
do que pensávamos."
Dado que WASP-76b tem bloqueio de marés - ou seja, um lado está sempre
voltado para a estrela - tem um lado noturno permanente que apresenta uma temperatura
média relativamente fria de 1300º C. O seu lado diurno, virado para a estrela,
tem uma temperatura média de 2400º C.
Deibert e colegas examinaram a zona de temperatura moderada, ou limbo
do planeta entre o dia e a noite. "O exoplaneta move-se depressa ao longo
da sua órbita e é assim que fomos capazes de separar o seu sinal da luz
estelar," disse. "Podemos ver que a impressão do cálcio no espectro
está a mover-se depressa juntamente com o planeta."
O levantamento ExoGems pretende estudar 30 ou mais planetas. Os astrónomos continuam a aprofundar o seu conhecimento sobre os exoplanetas - considerado apenas um sonho há duas décadas. "O nosso trabalho, e o de outros cientistas, está a abrir caminho para a exploração das atmosferas de mundos terrestres para lá do nosso Sistema Solar," concluiu Jake Turner, líder do ExoGems.
Fonte: Astronomia OnLine
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