Galáxias que não deveriam existir questionam modelo do Big Bang
Contra fatos...
Talvez seja melhor você se acostumar com manchetes
desse tipo: Os dados do telescópio espacial James Webb estão rapidamente
contestando as descrições dos primórdios do Universo feitas com base no modelo
do Big Bang.
Agora será necessário obter espectros dos seis candidatos, para confirmar que são mesmo galáxias e checar sua composição. [Imagem: G. Brammer/University of Copenhagen-NASA/ESA/CSA/I. Labbe]
Os primeiros astrônomos que viram as
primeiras imagens do Webb rapidamente anunciaram que teríamos que rever todo o
nosso modelo padrão da cosmologia, mas isso gerou uma reação igualmente rápida,
com as maiores autoridades da comunidade astronômica tentando colocar panos
quentes na situação, afirmando que poderíamos salvar nossas melhores teorias
apenas ajustando algumas questões, como o processo de formação das galáxias.
Mas a publicação dos artigos científicos
descrevendo aquelas primeiras imagens, um processo que começou há poucas
semanas, está rapidamente esgotando os estoques de panos aquecidos de posse dos
mais apegados às teorias atuais.
Agora, uma equipe internacional de
astrofísicos identificou nas imagens do Webb vários corpos celestes que não
deveriam existir, segundo as teorias atuais: São seis candidatos a galáxias -
será necessário confirmar que são mesmo - que surgiram tão cedo na história do
Universo e que são tão massivas que nenhuma vertente da teoria cosmológica
atual consegue explicar.
Embora não sejam as galáxias mais antigas
fotografadas pelo Webb, estas são enormes, pelo menos uma delas mais ou menos
do tamanho da Via Láctea, e brilham em vermelho, mostrando que suas estrelas
constituintes são antigas, derrubando o pano quente de que só precisaríamos
ajustar nossos modelos quanto à velocidade de formação das galáxias.
"É insano," disse Erica Nelson,
da Universidade do Colorado em Boulder. "Você simplesmente não espera que
o Universo primitivo seja capaz de se organizar tão rapidamente. Essas galáxias
não deveriam ter tido tempo de se formar."
Luz vermelha demais e matéria demais
Como sabemos pelo conhecido fenômeno do
desvio para o vermelho, em astronomia uma luz vermelha tipicamente significa
uma luz mais antiga.
Como o Universo vem se expandindo desde o
início dos tempos, as galáxias e outros objetos celestes estão continuamente se
afastando, fazendo com que a luz que eles emitem se estique. Conforme o
comprimento de onda da luz é esticado por esse fenômeno, ela aparece aos nossos
olhos cada vez mais vermelha, enquanto a luz de objetos que se aproximam de nós
vai ficando mais azulada.
Assim, ninguém esperava observar galáxias
com luz majoritariamente vermelha tão no início do Universo - os seis
candidatos a galáxias parecem ter surgido em uma janela entre 500 e 700 milhões
de anos após o Big Bang.
Mais do que isso, os cálculos da equipe
indicam que são todas gigantescas, abrigando de dezenas a centenas de bilhões
de estrelas do tamanho do Sol, o que lhes daria uma massa equivalente à da Via
Láctea. "A Via Láctea forma cerca de uma a duas novas estrelas a cada ano,"
disse Erica. "Algumas dessas galáxias teriam que formar centenas de novas
estrelas por ano durante toda a história do Universo."
Outra evidência do caráter revolucionário
destas observações é que não deveria haver matéria normal suficiente naquela
época para formar tantas estrelas tão rapidamente - os primeiros cálculos
indicam duas ordens de grandeza mais matéria do que os modelos cosmológicos
mais corajosos propunham.
É bom lembrar que os primeiros resultados
do telescópio espacial Hubble também foram avassaladores para as teorias e
modelos cosmológicos: Até então, os astrônomos acreditavam que as primeiras
galáxias só poderiam ter-se formado bilhões de anos após o Big Bang.
"Embora já tenhamos aprendido nossa
lição com o Hubble, ainda assim não esperávamos que o James Webb visse tais
galáxias maduras existindo tão longe no tempo," disse Erica.
Fonte: Inovação Tecnológica
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