LIGO: Avanço científico promete revelar segredos do Universo
O
principal detector de ondas gravitacionais da Terra passou por uma grande
atualização que promete melhorar significativamente sua capacidade de detectar
perturbações no tecido do espaço-tempo, conhecidas como ondas gravitacionais. Essas
perturbações geralmente resultam de colisões entre corpos celestes massivos,
como buracos negros e estrelas de nêutrons, e, por vezes, envolvem ambos os
tipos de objetos.
Na próxima fase do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro a Laser (LIGO), este instrumento aprimorado deverá identificar um número maior de eventos de fusão envolvendo esses remanescentes estelares gigantes que se formam quando estrelas massivas chegam ao final de suas ciclos de vida. Além disso, a melhoria permitirá que o LIGO detecte esses eventos em distâncias maiores, efetivamente rastreando ondas gravitacionais que se propagaram pelo cosmos por bilhões de anos.
Wenxuan
Jia, um pesquisador do laboratório do LIGO, enfatizou a importância dessa
atualização, afirmando: “Agora podemos explorar mais profundamente no universo
e antecipar a detecção de cerca de 60% mais fusões do que era anteriormente
possível. O LIGO também estenderá seu alcance para capturar eventos de
coalescência binária que ocorreram em locais mais distantes. Essa melhoria, com
menos interferência e uma melhor relação sinal-ruído, nos permitirá refinar
melhor as características dos objetos compactos que se fundiram bilhões de anos
atrás”.
Além
disso, a atualização aumenta a probabilidade de identificar buracos negros com
massas subestelares dentro do universo. As últimas melhorias são esperadas para
fortalecer a detecção de sinais astrofísicos em várias facetas.
O
LIGO alcançou reconhecimento internacional em setembro de 2015, quando detectou
ondas gravitacionais geradas pela fusão de buracos negros pela primeira vez.
Essas ondas haviam viajado por aproximadamente 1,4 bilhão de anos, distorcendo
e comprimindo o espaço-tempo à medida que atravessavam o cosmos.
Desde
essa detecção histórica, o LIGO, em conjunto com seu parceiro, o detector de
ondas gravitacionais Virgo, identificou sinais de numerosas fusões envolvendo
buracos negros, estrelas de nêutrons e combinações de ambos.
O
que diferencia essa atualização recente é que ela ultrapassa o que é conhecido
como o “limite quântico”, uma conquista sem precedentes para um detector de
ondas gravitacionais.
Para compreender a importância do limite quântico, é essencial entender que o LIGO é projetado para medir uma alteração extremamente pequena que pode ocorrer entre dois feixes de laser dentro de seus dois braços de 4 quilômetros. Essa alteração acontece quando as ondas gravitacionais passam por esses braços. Basicamente, o instrumento gera um feixe de laser, o divide em dois feixes e os envia separadamente pelos dois braços de 4 quilômetros.
Esses feixes se alinham
perfeitamente, apesar de sua separação espacial, quando se recombinam após a
reflexão através de espelhos incorporados. No entanto, as ondas gravitacionais
introduzem uma mudança no comprimento desses braços, como se um braço estivesse
se esticando enquanto o outro encurtava.
É
importante ressaltar que essa mudança de comprimento diz respeito aos lasers
dentro dos braços, em vez dos próprios braços físicos. Essa alteração de
comprimento leva a uma mudança na amplitude, afetando a potência dos lasers.
Embora o efeito seja sutil devido à pequena alteração no comprimento do braço
causada pelas ondas gravitacionais, ele é observável porque as mudanças na
amplitude da luz são refletidas na fase da luz.
Quando
os lasers retornam ao detector, qualquer diferença sutil no comprimento do
braço resulta em uma condição fora de fase conhecida como interferência
destrutiva, onde os picos e vales das ondas de luz se cancelam mutuamente.
No
entanto, surge um desafio quando as variações no comprimento dos braços se
tornam extremamente pequenas, alcançando dimensões comparáveis às observadas no
reino subatômico e quântico, trilhões de vezes menores do que um fio de cabelo
humano. Nesse ponto, o impacto das ondas gravitacionais torna-se desafiador de
medir com precisão devido ao Princípio da Incerteza de Heisenberg, um conceito
fundamental da física quântica que impõe limites à precisão da medição de pares
correlacionados de propriedades físicas, ou “observáveis”.
Na
prática, isso significa que o LIGO foi incapaz de detectar algumas ondas
gravitacionais porque os efeitos são muito sutis. No entanto, parece haver uma
solução para essa limitação.
Jia
explicou que existe um nível mínimo de incerteza ou ruído ao medir a fase de um
feixe de laser ao longo do tempo. A luz do laser possui dois atributos
observáveis: amplitude e frequência. O LIGO concentra-se em medições de fase ou
frequência, com menos ênfase na amplitude.
Ao
empregar o conceito de “squeezing” da luz, é possível reduzir a incerteza do
observável de interesse, neste caso, a frequência, ao mesmo tempo em que se
aumenta a incerteza do outro observável, a amplitude. Essa abordagem permite ao
LIGO ultrapassar o limite quântico, alcançando medições de maior precisão.
Rana
Adhikari, professor de física do Instituto de Tecnologia da Califórnia
(Caltech), expressou entusiasmo por esse avanço e aspira a aprimorar a
sensibilidade do LIGO para detectar ondas gravitacionais em níveis extremamente
baixos. Ele também vislumbra a possibilidade de explorar buracos negros maiores
que podem ter existido no início do universo.
Em
última análise, essa conquista não apenas tem grande significado para o LIGO e
a detecção de ondas gravitacionais, mas também demonstra que é possível
ultrapassar o limite quântico sem violar o Princípio da Incerteza, marcando um
marco emocionante para o campo da física.
A
pesquisa da equipe sobre esse aprimoramento foi publicada na revista Physical
Review X em setembro.
Fonte:
Hypescience.com
Isso vai revelar o maior segredo do universo como?
ResponderExcluirÉ oque esperamos !
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