Mistérios da Via Láctea: Astrônomos revelam seu lugar único no cosmos
Cientistas do projeto SAGA Survey
estudaram 101 galáxias com massa similar à Via Láctea e descobriram que a nossa
galáxia pode ter menos galáxias satélites do que o esperado. A pesquisa
destacou a supressão da formação de estrelas nessas galáxias satélites e
apresentou um novo modelo para prever a evolução galáctica. Além disso, o grupo
forneceu dados importantes sobre redshifts (medidas de distância) para 46 mil
galáxias, que apoiarão futuras pesquisas.
Uma imagem de uma galáxia
semelhante à Via Láctea e seu sistema de galáxias satélites. A pesquisa SAGA
identificou seis pequenas galáxias satélites em órbita ao redor deste análogo
da Via Láctea. Crédito: Yasmeen Asali (Yale), com imagens do DESI Legacy Surveys
Sky Viewer
Investigando a
Singularidade da Via Láctea
Será que a Via Láctea, nossa
galáxia, é realmente única? Em 2013, um grupo de cientistas iniciou o projeto
Satellites Around Galactic Analogs (SAGA), com o objetivo de explorar sistemas
de galáxias semelhantes à nossa. Recentemente, o SAGA Survey publicou três
novos artigos que trazem novas perspectivas sobre a singularidade da Via Láctea
após realizar um censo completo de 101 sistemas de satélites similares ao
nosso.
As “galáxias satélites” são
galáxias menores, em termos de massa e tamanho, que orbitam uma galáxia maior,
chamada de galáxia hospedeira. Assim como os satélites artificiais orbitam a
Terra, essas galáxias são mantidas pela gravidade da galáxia hospedeira e sua
matéria escura. A Via Láctea, por exemplo, é a galáxia hospedeira de várias
galáxias satélites, sendo as maiores as Nuvens de Magalhães (Grande e Pequena),
visíveis a olho nu no Hemisfério Sul. Contudo, existem outras galáxias
satélites mais fracas, observáveis apenas com telescópios potentes.
O Objetivo Ambicioso do
Projeto SAGA:
O SAGA Survey busca caracterizar
sistemas de galáxias satélites em torno de outras galáxias hospedeiras com
massas estelares semelhantes às da Via Láctea. O projeto é liderado por
Yao-Yuan Mao, da Universidade de Utah, junto com Marla Geha, da Universidade de
Yale, e Risa Wechsler, da Universidade de Stanford. Os artigos recentemente
publicados no *Astrophysical Journal* trazem os últimos achados do projeto e
disponibilizam os dados para a comunidade científica.
Um mosaico de imagens de 378
satélites em 101 sistemas semelhantes à Via Láctea que a equipe SAGA pesquisou.
As imagens de satélite são classificadas por sua luminosidade da esquerda para
a direita. Crédito: Yao-Yuan Mao (Utah), com imagens do DESI Legacy Surveys Sky
Viewer
A Via Láctea
Um Caso à Parte Entre as
Galáxias”
O primeiro estudo, liderado por
Mao, identificou 378 galáxias satélites em 101 sistemas com massa semelhante à
da Via Láctea. O número de satélites por sistema variou de zero a 13, enquanto
a Via Láctea possui quatro satélites confirmados. Embora esse número seja
comparável aos sistemas observados, “a Via Láctea parece ter menos satélites se
considerarmos a presença da Grande Nuvem de Magalhães (LMC)”, explica Mao. Os
dados mostram que sistemas com um satélite maciço, como a LMC, tendem a ter
mais galáxias satélites.
Uma explicação para essa
diferença pode ser o fato de que a Via Láctea adquiriu a LMC e a Pequena Nuvem
de Magalhães (SMC) recentemente, em comparação com a idade do universo. Se a
Via Láctea for uma galáxia hospedeira mais antiga e ligeiramente menos massiva,
com a adição recente dessas nuvens, seria esperado que tivesse um menor número
de satélites.
Formação de Estrelas nas
Galáxias Satélites:
O segundo estudo, liderado por
Geha, explora se as galáxias satélites ainda estão formando estrelas. Entender
os mecanismos que interrompem a formação estelar é essencial para compreender a
evolução das galáxias. Os pesquisadores descobriram que satélites mais próximos
de suas galáxias hospedeiras são mais propensos a ter a formação de estrelas
“extinguida” ou suprimida, sugerindo que fatores ambientais influenciam o ciclo
de vida dessas galáxias.
Imagem de três galáxias semelhantes à Via Láctea e seus sistemas de galáxias satélites. A pesquisa SAGA identificou duas, seis e nove pequenas galáxias satélites nesses três sistemas, respectivamente. Crédito: Yasmeen Asali (Yale), com imagens do DESI Legacy Surveys Sky Viewer
Modelagem da Formação de
Galáxias
O terceiro estudo, liderado por
Yunchong (Richie) Wang, utiliza os dados do SAGA para aprimorar modelos
teóricos de formação galáctica. Com base no número de satélites com formação
estelar suprimida, o modelo prevê que galáxias com essa característica também
devem existir em ambientes mais isolados. Essa previsão poderá ser testada em
breve com novos levantamentos astronômicos.
Contribuição Valiosa para
a Astronomia:
Além dos resultados que avançam
nosso entendimento sobre a evolução galáctica, o SAGA Survey também trouxe um
“presente” para a comunidade astronômica: dados de redshift para cerca de 46
mil galáxias. “Encontrar essas galáxias satélites é como achar agulhas em um
palheiro”, comenta Mao. Esses novos dados possibilitarão o estudo de uma ampla
variedade de tópicos além das galáxias satélites.
Esses estudos fornecem uma nova
visão sobre a posição especial da Via Láctea no universo e os fatores que podem
ter moldado a sua formação e evolução ao longo do tempo.
Fonte: scitechdaily.com
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