Mistério resolvido: estrelas explosivas alimentam o halo de fogo da via láctea

Cientistas desvendaram como as supernovas aquecem as camadas externas da Via Láctea, revelando um fascinante ciclo cósmico de criação e destruição que molda nosso ambiente galáctico 

Esta ilustração mostra os vários componentes da Via Láctea. Os elementos em espiral no centro representam o disco estelar. O disco estelar é circundado pelo gás muito quente recém-descoberto em emissão, com uma estrutura semelhante a um disco inchado.A região azul marca a extensão do gás de dois milhões de graus Kelvin. A linha branca mostra a direção ao longo de uma fonte de fundo (um quasar).Ao longo dessa direção, uma supernova de uma estrela em fuga é mostrada com um globo brilhante que explica a absorção pelo gás muito quente.

O Gás Quente ao Redor da Via Láctea

Nossa galáxia contém mais gás do que estrelas. Esse gás difuso é o combustível principal para a formação estelar, permitindo que novas estrelas nasçam ao longo de bilhões de anos. No entanto, devido à sua densidade extremamente baixa, observar e medir esse gás sempre foi um grande desafio para os astrônomos.

Décadas atrás, os pesquisadores confirmaram a existência de uma imensa esfera de gás ao redor da Via Láctea, aquecida a milhões de graus Kelvin. Esse gás quente se estende por impressionantes 700.000 anos-luz a partir do centro galáctico. Acreditava-se que as altas temperaturas fossem causadas pela gravidade da galáxia, que mantém os átomos de gás em constante movimento.

Mais recentemente, foi descoberto um gás ainda mais quente, atingindo cerca de 10 milhões de graus Kelvin. Esse gás, identificado por fracas emissões de raios X vindas de todas as direções, também apareceu em estudos de espectro de quasares distantes, agindo como um meio de absorção.

Descobertas do Instituto de Pesquisa Raman:

Astrônomos do Instituto de Pesquisa Raman (RRI), em parceria com o IIT-Palakkad e a Universidade Estadual de Ohio, propuseram um modelo inovador que esclarece a origem desse gás superquente. O estudo, publicado no *Astrophysical Journal*, revelou que o responsável pelo aquecimento é uma combinação de explosões de supernovas e o movimento turbulento do gás em torno da Via Láctea.

O Papel das Supernovas:

As supernovas – explosões de estrelas massivas – têm um papel central no aquecimento do gás galáctico. Durante essas explosões, elementos sintetizados nos núcleos estelares, como enxofre, magnésio e néon, são lançados ao espaço. Esse processo aquece o gás ao redor do disco estelar da Via Láctea, criando uma camada inflada e fervente de gás.

“As explosões de supernovas aquecem o gás ao redor do disco da Via Láctea e enriquecem esse material com elementos criados no interior das estrelas massivas,? explicou Mukesh Singh Bisht, estudante de doutorado no RRI. Esse gás turbulento pode escapar para o espaço interestelar ou, após esfriar, retornar ao disco da galáxia, contribuindo para o ciclo contínuo de formação estelar.

A Composição do Gás Galáctico:

Outro ponto intrigante foi a descoberta de que esse gás superquente é enriquecido com elementos conhecidos como “-elementos (como enxofre, magnésio e néon). Esses elementos, formados por múltiplos núcleos de hélio, são evidências de reações nucleares que ocorrem no interior das estrelas antes de explodirem como supernovas.

Biman Nath, pesquisador do RRI e coautor do estudo, destacou: “Esse gás fervente, em algumas direções, parece estar enriquecido com grandes quantidades de “-elementos, que são lançados durante as explosões de supernovas.”

Observações Futuras:

Os sinais fracos de raios X produzidos por esse gás podem ser usados para aprofundar o conhecimento sobre o ciclo de vida das estrelas e a dinâmica galáctica. A equipe pretende testar seus modelos em outras frequências, buscando novas pistas sobre os segredos da Via Láctea. Com essas descobertas, entendemos melhor como as estrelas explosivas moldam e influenciam o ambiente ao nosso redor, revelando a extraordinária dança cósmica que dá forma à nossa galáxia.

Terrarara.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atena para a Lua

Capacete de Thor

Messier 87

Lápis grosso

Messier 81

Messier 4

Finalmente, vida extraterrestre detectável?

Banhado em azul

James Webb confirma que há algo profundamente errado na nossa compreensão do universo

Observações do JWST detectam disco empoeirado ao redor da estrela central da Nebulosa do Anel