Rajadas rápidas de rádio explicadas? Cientistas estão perto de descobrir suas origens misteriosas
Uma equipe de pesquisa
liderada pela Universidade McGill aponta que as estrelas de nêutrons podem ser
a fonte das rajadas rápidas de rádio (FRBs), um dos fenômenos mais intrigantes
do universo
Magnetar. Imagem via NASA
Um grupo internacional de
cientistas, comandado por pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá,
trouxe as evidências mais fortes até agora de que algumas dessas rajadas
rápidas de rádio vêm de estrelas de nêutrons – os restos superdensos de
estrelas gigantes que explodiram como supernovas. Ao estudar o sinal de rádio
de uma única FRB, a pesquisa dá novas pistas sobre essas explosões misteriosas
de ondas de rádio que duram apenas milissegundos, ajudando a entender melhor um
dos maiores enigmas do universo.
“Esse resultado confirma o que
muitos já suspeitavam sobre a ligação entre as FRBs e as estrelas de nêutrons”,
disse Ryan Mckinven, doutorando no Departamento de Física da McGill e principal
autor do estudo publicado na revista Nature. “Mas nossas descobertas também
questionam algumas teorias populares, mostrando que a emissão de rádio acontece
bem mais perto da estrela de nêutrons do que se pensava.”
As FRBs liberam, em
milissegundos, tanta energia quanto o Sol emite em um dia inteiro. Desde que
foram descobertas em 2007, os cientistas já detectaram milhares delas, mas
ainda não sabem ao certo de onde vêm ou como são feitas. O estudo de Mckinven,
feito com o telescópio CHIME (Experimento Canadense de Mapeamento de
Hidrogênio), encontrou uma semelhança impressionante entre o sinal dessa FRB e
os pulsares, um tipo bem conhecido de estrelas de nêutrons que emitem rádio.
O Papel da Polarização na
Identificação da Fonte
Os sinais das FRBs muitas vezes
são altamente polarizados, ou seja, as ondas de rádio vibram em uma direção bem
definida. Ao analisar a polarização do sinal dessa FRB, a equipe de Mckinven
notou mudanças grandes no ângulo dela durante os 2,5 milissegundos da rajada –
algo comum em pulsares, mas raro em FRBs. No começo, isso fez os cientistas
pensarem que o sinal poderia ser de um pulsar mal identificado na nossa
galáxia, a Via Láctea. Mas análises mais detalhadas mostraram que a FRB vinha
de uma galáxia a milhões de anos-luz de distância.
“A polarização é uma das poucas
ferramentas que temos para estudar essas fontes tão distantes”, explicou
Mckinven. “Esse resultado deve incentivar outros estudos sobre comportamentos
parecidos em FRBs e também levar a novas teorias para explicar as diferenças
nos sinais polarizados.”
O estudo mostra como o telescópio
CHIME, localizado em Penticton, no Canadá, é importante. Ele é famoso por
detectar milhares de FRBs todos os dias. Com tantos dados, os cientistas
conseguem encontrar sinais únicos como esse, o que ajuda a entender melhor as
rajadas.
“Estamos um passo mais perto de
desvendar um grande mistério do cosmos”, disse Mckinven. “As FRBs estão por aí
o tempo todo, mas ainda sabemos pouco sobre elas. Cada descoberta sobre suas
origens abre uma nova janela para entender como o universo funciona.”
Confirmação Extra de
Pesquisadores do MIT
Em outro estudo sobre a mesma
FRB, publicado na mesma edição da Nature, a pesquisadora Kenzie Nimmo, do
Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dá mais apoio à ideia da
estrela de nêutrons.
“Descobrimos que essa FRB tem um
”cintilar”, parecido com o brilho das estrelas no céu à noite. Esse efeito,
chamado cintilação, mostra que a região de onde a FRB veio é muito pequena.
Conseguimos determinar que a emissão veio de uma área de menos de 10 mil
quilômetros, mesmo estando a mais de 200 milhões de anos-luz de distância. Essa
precisão incrível indica que a FRB nasceu no ambiente supermagnetizado ao redor
de uma estrela de nêutrons, um dos lugares mais extremos do universo”, explicou
Nimmo.
Juntos, os estudos de Mckinven e
Nimmo reforçam a ideia de que essa FRB – e talvez outras – vêm de estrelas de
nêutrons.
“Essas observações nos dão uma
rara visão da possível fonte por trás dessa FRB”, disse Aaron Pearlman,
pesquisador da McGill e coautor dos dois estudos. “O padrão de cintilação e a
mudança no ângulo de polarização dessa FRB combinam com o que esperamos de um
pulso de rádio gigante emitido perto de uma estrela de nêutrons altamente
magnetizada e giratória. Esses estudos trazem mais provas de que algumas FRBs
podem ser geradas por estrelas de nêutrons.”
Terrarara.com.br
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