Omega Centauro

Desde há várias décadas a esta parte, astrónomos têm vindo a descobrir algumas galáxias que se situam a apenas algumas dezenas de milhares de anos-luz de distância e que são pequenas galáxias satélites da Via Láctea. Essas distâncias são relativamente pequenas se comparadas aos milhares de milhões de anos-luz que nos separam das galáxias mais longínquas que podem ser observadas. Apesar destas galáxias se situarem muito próximas de nós só recentemente foram descobertas, dado possuírem apenas algumas centenas de milhares de estrelas e estas estarem muito dispersas. Porém, a última galáxia a ser identificada é, em vários aspectos, diferente. Chama-se Omega Centauro (ou Omega Centauri) e situa-se a apenas 17.000 anos-luz da Terra, distância muito pequena à escala astronómica. Omega Centauro é visível a olho nu do hemisfério sul até ao sul da Europa.

 Já o astrónomo Cláudio Ptolomeu, há quase 2000 anos atrás, mencionou-o no seu livro “Almagesto”. Concluímos então que este corpo celeste já é conhecido há muito tempo, porém ao longo do tempo foi classificado como enxame estelar e não como galáxia, apesar de ser um enxame fora do normal em termos de tamanho (superior a 200 anos-luz), quantidade de estrelas (cerca de 2 milhões de estrelas) e luminosidade. A diferença entre este dois tipos de grupos de estrelas é bastante significativa, pois enquanto um enxame estelar possui uma estrutura relativamente simples de estrelas que se originaram de uma mesma nuvem de gás, sendo criadas ao mesmo tempo e com muitas características idênticas entre elas, uma galáxia é mais complexa, pois as estrelas que a compõem têm diferentes origens e características muito diferentes umas das outras. Uma galáxia poderá ser o resultado da junção de várias galáxias mais pequenas e de vários enxames estelares, explicando assim a grande diversidade de estrelas.

O que fez então que Omega Centauro deixasse de ser considerado de enxame estelar para passar a ser considerado galáxia? Intrigados pelas características anormais deste “enxame estelar”, os elementos de uma equipe internacional de astrónomos liderados pela astrónoma mexicana Eva Noyola e pelo americano Karl Gebhardt, estudaram este objecto celeste recorrendo ao telescópio espacial Hubble e ao telescópio gigante Gemini South que se situa no Chile. Estes astrónomos encontraram em Omega Centauro um aspecto que é comum a quase todas as galáxias: a existência de um buraco negro maciço. Os astrónomos conhecem dois tipos de buracos negros em função da sua massa.

 Os buracos negros gigantes, muito maciços (milhões de vezes a massa do Sol) e que existem no centro das galáxias, e os buracos negros “estelares”, muito mais pequenos e muito menos maciços (poucas vezes a massa do Sol), que resultam da explosão de supernovas. Não se conhecia nenhum buraco negro de tamanho “intermédio” até que se descobriu que o buraco negro que está em Omega Centauro tem cerca de 40.000 vezes a massa do Sol. Poderá estar aqui um exemplo do “elo” que faltava e que pode vir a lançar luz para a compreensão da formação das galáxias e de seus buracos negros maciços. Não existe explicação para a existência de um buraco negro com essa massa num exame estelar, sendo que se conclui que estamos perante uma galáxia. Dada a sua proximidade, esta é uma oportunidade única para observarmos de perto a constituição de uma galáxia, tal como nunca foi feito até agora.
Fonte: http://www.astro.110mb.com.br/

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