DISCOS PROTOPLANETÁRIOS NA NEBULOSA DE ORIONTE

Localização, dentro de M42, de alguns dos discos protoplanetários descobertos. Crédito: NASA/ESA e L. Ricci (ESO)Uma colecção de 30 imagens, nunca-antes-vistas, de sistemas planetários embriónicos na Nebulosa de Orionte, são o ponto alto do projecto mais longo do Hubble já dedicado ao tópico da formação estelar e planetária. Também conhecidos como discos protoplanetários, estes modestos "borrões" rodeiam estrelas bebés e ajudam os astrónomos a perceber o mecanismo por trás da formação planetária. Apenas o Telescópio Hubble da NASA/ESA, com a sua altíssima resolução e sensibilidade, é capaz de obter imagens tão detalhadas de discos circunstelares em comprimentos de onda visíveis.   Parecida com uma graciosa aquarela, a Nebulosa de Orionte é um dos objectos mais fotogénicos do céu e um dos alvos favoritos do Hubble. À medida que estrelas recém-nascidas surgem da mistura de gás e poeira da nebulosa, discos protoplanetários, também conhecidos como "proplyds", formam-se em seu redor: o centro do disco em rotação aquece e torna-se numa nova estrela, mas os restos de material à sua volta atraem poeira e agregam-se. Pensa-se que os proplyds sejam jovens sistemas planetários em formação. Num ambicioso estudo da famosa nebulosa, usando a câmara ACS (Advanced Camera for Surveys) do Hubble, os cientistas descobriram 42 discos protoplanetários. Visível a olho nu, a Nebulosa de Orionte é conhecida desde a Antiguidade, mas foi descrita pela primeira vez só em meados do século XVII pelo astrónomo francês Nicolas-Claude Fabri de Peiresc - que detém o crédito da sua descoberta. A 1500 anos-luz de distância, a nebulosa, também conhecida como M42, é a região de formação estelar mais próxima da Terra, e contém estrelas massivas o suficiente para aquecer o gás em redor, inflamando-o de cor, e fazendo com que a região sobressaia no céu. Nos contornos gasosos de Orionte, os investigadores identificaram dois tipos diferentes de discos em torno de estrelas jovens e em formação: aqueles que se situam perto da estrela mais brilhante do enxame (Theta 1 Orionic C) e aqueles mais distantes. Esta brilhante estrela aquece o gás dos discos vizinhos, fazendo com que brilhem significativamente. Os discos mais longínquos não recebem radiação energética suficiente da estrela para aquecer o gás e por isso podem apenas ser detectados como silhuetas escuras contra o pano de fundo da brilhante nebulosa, pois a poeira que os rodeia absorve luz visível. Ao estudar este discos em silhueta, os astrónomos são capazes de melhor caracterizar as propriedades dos grãos de poeira, que se pensa unirem e possivelmente formarem planetas como o nosso.
Este novo atlas contém 30 proplyds, ou discos protoplanetários, recentemente descobertos na majestosa Nebulosa de Orionte, usando o Telescópio Espacial Hubble. Crédito: NASA/ESA e L. Ricci (ESO)
Os discos mais brilhantes são indicados por uma extremidade brilhante no material excitado na direcção da estrela brilhante, mas que nós vemos numa orientação aleatória dentro da nebulosa, alguns de lado e outros de cima, por exemplo. Outras características interessantes realçam a aparência destes objectos cativantes, tais como jactos de matéria e ondas de choque. As dramáticas ondas de choque formam-se quando o vento estelar da massiva estrela vizinha colide com o gás na nebulosa, esculpindo "boomerangs", flechas, e até no caso de 181-825, uma medusa espacial! A observação de proplyds no visível é extremamente rara, mas a alta resolução e sensibilidade do Hubble, em conjunto com a proximidade de M42, permite a captura de imagens detalhadas destes potenciais sistemas planetários. Este atlas de discos protoplanetários é o primeiro resultado científico do Programa de Tesouro do Hubble, em relação à Nebulosa de Orionte. Estes programas são feitos para permitir aos cientistas estudos compreensivos ao longo de grandes períodos de tempo, dado que este recurso, altamente valioso no Hubble, é rigorosamente repartido. As imagens em alta-resolução de discos protoplanetários servem como o exemplo de uma descoberta científica que levou ao desenvolvimento de melhores tecnologias e é um dos estudos científicos principais do ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), um dos maiores projectos de astronomia terrestre da próxima década. O ALMA irá observar a poeira em maiores comprimentos de onda, em emissão (em vez de absorção como vemos no visível) e com uma resolução angular 10 vezes melhor que a do Hubble.
Fonte:ccvalg.pt

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