Interior da Lua já teve tanta água quanto camada abaixo da crosta terrestre

Pesquisadores americanos descobriram em amostras de magma lunar cem vezes mais água em comparação a estudo anterior
Estudo revelou que interior da Lua é muito parecido com o da Terra, tornando antigas teorias mais obscuras.Foto: Nasa/ cortesia de Fernando Echeverria
Uma análise dos sedimentos trazidos de volta à Terra pelos astronautas da missão à Lua com a nave Apollo 17, na década de 70, mostrou que o interior do satélite terrestre pode ter muito mais água do que se imaginava anteriormente. A análise dos cientistas americanos, publicados na revista Science, examinou material vulcânico incrustrado em pequenos fragmentos de vidro. Esta análise encontrou cem vezes mais água nos fragmentos em comparação a medidas anteriores e sugere que a Lua já conteve um volume de água comparável ao Mar do Caribe. A teoria predominante afirma que a maior parte da água vista na superfície da Lua chegou ao satélite pelos impactos de cometas cobertos de gelo ou de meteoritos com água. Mas, esta recente pesquisa está ajudando a esclarecer qual a quantidade de água que pode estar no interior da Lua e também dá pistas sobre como e a partir do que esta água se formou. A descoberta dos cientistas do Instituto Carnegie Para Ciência, nos Estados Unidos, também gera dúvidas em relação a alguns aspectos da teoria que explica a formação da Lua.

Pesquisa anterior
Em 2008, uma equipe de pesquisadores do Instituto Carnegie e da Universidade Brown and Case Western, nos Estados Unidos, analisaram água encontrada em amostras de magma lunar, que as missões Apollo trouxeram de volta à Terra. Em um artigo na revista Nature, eles escreveram que as amostras continham dez vezes mais água do que eles esperavam. Mas, o magma que eles estudaram tinha se formado em eventos vulcânicos parecidos com os que ocorrem em alguns lugares da Terra, como o Havaí, por isso, a maior parte da água destas amostras pode ter sido fervida durante o evento. Agora, a mesma equipe descobriu várias "cápsulas do tempo" geológicas entre os fragmentos. "O que fizemos agora foi encontrar amostras de magma que estão presentes como 'inclusões', que estão presas dentro de cristais sólidos chamados olivina", explicou Erik Hauri, um geoquímico do Instituto Carnegie e autor da nova pesquisa.  "Devido ao fato de o magma estar preso dentro de um cristal, durante uma erupção não pode perder sua água, então estas inclusões derretidas preservam o conteúdo original de água do magma", disse Hauri à BBC. A equipe descobriu que estes medalhões de magma lunar continuam cerca de cem vezes mais água do que as amostras anteriores, o que significa que o interior lunar já teve tanta água como a camada da Terra que fica logo abaixo da crosta.

Fotografia optica da amostra do magma contido em pequenos cristais.Foto: Thomas Weinreinch/ Brown University

Formação da Lua
Assim como a pesquisa de 2008, este novo estudo aumenta ainda mais a confusão em relação às teorias sobre a formação da Lua. Acredita-se que um objeto do tamanho de Marte tenha atingido a Terra durante sua formação. Com o impacto, um disco de material fragmentado e derretido se separou da Terra e, com o tempo se aglutinou e formou a Lua. Mas, nesta hipótese, as temperaturas extremas geradas pelo impacto teriam simplesmente fervido a água e a Lua deveria ter começado sua vida como um corpo celeste relativamente seco. Existem provas para dar apoio a este teoria, em termos de modelos de computadores para formações planetárias e também em termos de quantidades comparadas de vários elementos encontrados na Terra e na Lua. Mas, segundo Erik Hauri, algo nesta teoria não está certo.  "Estas coisas não são consistentes com a quantidade de água que encontramos."   "Acho que, em sua forma muito básica, a ideia (da teoria do impacto) provavelmente ainda está certa, mas há algo fundamental a respeito da física do processo que não compreendemos", afirmou o cientista. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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