Nasa descobre planeta com dois sóis

Telescópio espacial Kepler, da Nasa, desvendou detalhes sobre os corpos celestes como órbita, tamanho e massa.
Ilustração mostra planeta Kepler-16 ao lado de seus dois sois-Foto: Nasa/JPL-Caltech
 
Planeta circumbinário

A existência de um planeta com um nascer e um pôr do sol duplo foi sugerida há mais de 30 anos, no filme Guerra nas Estrelas. Agora, o telescópio espacial Kepler, lançado para descobrir outras terras e até luas habitáveis descobriu um Tatooine da vida real. Localizado a 200 anos-luz da Terra, este é o primeiro planeta circumbinário - um planeta que orbita duas estrelas - já descoberto. Conhecido como Kepler-16b, ele foi identificado por uma equipe de pesquisadores liderada por Laurance Doyle, do Instituto SETI, mais conhecido por suas buscas por inteligência extraterrestre. Mas, ao contrário do planeta desértico de Luke Skywalker, o planeta com dois sóis da vida real é frio, gasoso e não poderia abrigar vida humana. Mas sua descoberta demonstra a diversidade de planetas em nossa galáxia.

Trânsito complicado

Os astrônomos usaram os dados do telescópio espacial Kepler, que mede variações no brilho de mais de 150.000 estrelas, para procurar planetas por uma técnica conhecida como trânsito. Nesta técnica, os planetas são encontrados medindo-se a variação que eles impõem sobre o brilho de uma estrela quando passam à sua frente em relação à Terra - dessa forma, essa técnica só encontra planetas que estejam com uma órbita alinhada com a posição do telescópio. Os cientistas detectaram o novo planeta no sistema Kepler-16, um par de estrelas girando uma em órbita da outra. Quando a estrela menor bloqueia parcialmente a estrela maior, ocorre um eclipse primário. Um eclipse secundário ocorre quando a estrela menor é ocultada, ou completamente bloqueada, pela estrela maior. Mas os astrônomos verificaram que o brilho do sistema diminuía mesmo quando as estrelas não estavam eclipsando uma à outra, sugerindo a presença de um terceiro corpo celeste. Esses eventos adicionais de queda no brilho, chamados de eclipses terciários e quaternários, reaparecem em intervalos de tempo irregulares, indicando que as estrelas estavam em posições diferentes em sua órbita cada vez que o terceiro corpo passava. Isso mostrou que o terceiro corpo estava circulando não apenas uma, mas as duas estrelas, em uma larga órbita circumbinária.

Vidas binárias

A força gravitacional das estrelas, medida pelas variações nos seus tempos de eclipse, foi um bom indicador da massa do terceiro corpo - foi detectado um puxão gravitacional muito pequeno, indicativo de que era causado por um corpo de pequena massa em relação às estrelas. Isto confirma que o Kepler-16b é um mundo inóspito e frio, com o tamanho de Saturno, com uma provável composição metade rocha e metade gás. As estrelas-mãe são menores do que o nosso Sol: uma delas tem 69% da massa do Sol e a outra apenas 20%. O planeta circumbinário Kepler-16b orbita em torno das duas estrelas a cada 229 dias, semelhante à órbita de Vênus, que é de 225 dias. Mas ele está fora da zona habitável do sistema, onde poderia existir água líquida na superfície, porque suas duas estrelas são mais frias do que o Sol.  "Esta descoberta confirma uma nova classe de sistemas planetários que poderiam abrigar vida," disse William Borucki. "Dado que a maioria das estrelas em nossa galáxia é parte de um sistema binário, isto significa que as oportunidades de vida são muito mais amplas do que se os planetas se formassem somente em torno de estrelas individuais."
Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br

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