Espectrógrafo Harps

Caçadores de exoplanetas ganham impulso tecnológico na busca por planetas como a Terra
Como funciona a técnica de velocidade radial. Nessa ilustração o telescópio é espacial, não terrestre.
O Observatório Europeu do Sul já tem uma das melhores ferramentas do mundo para caçar planetas: o espectrógrafo Harps. Instalado no telescópio de 3,6 metros de La Silla, no Chile, o Harps é um instrumento que consegue detectar as oscilações extremamente súbitas no movimento de uma estrela que podem ser induzidas pelo arrasto gravitacional de um planeta em sua órbita.  Mas o método que usa oscilação, ou velocidade radial, normalmente detecta exoplanetas grandes, alguns deles muitas vezes mais massivos que Júpiter, que orbitam a uma grande proximidade de sua estrela-mãe. Esses são os corpos que provocam uma atração mais notável em suas estrelas.

Astrônomos gostariam de encontrar planetas mais parecidos com a Terra: pequenos, rochosos e em órbitas moderadamente longas que mantêm o planeta a uma distância moderada de sua estrela. O Harps já consegue detectar planetas que fazem suas estrelas-hospedeiras se moverem apenas um metro por segundo – mais ou menos a velocidade do caminhar humano. Mas mesmo essa precisão tem uma utilidade limitada. A Terra, em comparação, produz no Sol a velocidade de apenas nove centímetros por segundo. Detectar uma mudança tão súbita no espectro da luz de uma estrela requer que esse espectro seja extremamente estável, para fins de calibragem e referência.

É um pouco parecido com usar um bom diapasão para verificar se a nota de uma tecla de piano está minimamente desafinada. Agora um grupo de pesquisadores desenvolveu uma técnica de calibragem para tornar as pesquisas de velocidade radial mais sensíveis a planetas menores, possivelmente parecidos com o nosso. Na edição de 31 de maio da Nature, Tobias Wilken do Instituto Max Planck para Ótica Quântica em Garching, na Alemanha, e seus colegas relataram o uso de um dispositivo, chamado de pente de frequência a laser (laser frequency comb), para dar impulso ao Harps. (Scientific American é parte do Nature Publishing Group).

Um pente de frequência a laser, explicam os pesquisadores, emite uma série de linhas espectrais igualmente espaçadas – como os dentes de um pente – “que serão tão precisas e estáveis quanto o relógio atômico usado para estabilizar o pente”. (Em vez de um pêndulo, os relógios atômicos usam a frequência da oscilação de um átomo entre estados quânticos como base para marcar o tempo). Usado como fonte de luz de referência extremamente confiável, o dispositivo permite que espectrógrafos para a caça de exoplanetas meçam movimentos de meros centímetros por segundo, relatam os autores do estudo, o que “deve tornar possível detectar planetas parecidos com a Terra na zona habitável”.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Messier 81

Banhado em azul

Messier 4

Lápis grosso

Messier 87

Atena para a Lua

Finalmente, vida extraterrestre detectável?

James Webb confirma que há algo profundamente errado na nossa compreensão do universo

Capacete de Thor

As explosões mais poderosas do universo podem revelar de onde vem o ouro