Como seria voar de avião em outros planetas?
Já pensou pegar um avião pequeno, como um Tucano, e voar pelas
paisagens de Marte, ou então se perder nas nuvens gigantescas de
Júpiter? Será que é possível? Uma aeronave é um aparelho feito para voar na Terra, e temos sorte
que a nossa atmosfera e atração gravitacional sejam tais que é possível
projetar máquinas voadoras. Mesmo porque, em outros planetas e corpos
celestes, provavelmente não poderíamos. Para voar é preciso uma atmosfera – o que já exclui nossa lua e
Mercúrio, além de outras luas e corpos menores. Tentar voar em algum
deles resultaria em uma queda livre. Para saber se é possível voar em outros planetas, Randall Munroe, ex-roboticista da Nasa e desenhista de quadrinhos da web, pegou o simulador de voo X-Plane e alterou os parâmetros para imitar cada um dos planetas com atmosfera. O X-Plane é “o mais avançado simulador de voo no mundo”, segundo
Munroe. É o resultado de 20 anos de trabalho obsessivo de entusiastas da
aeronáutica, e é capaz de simular o fluxo de ar em cada parte do corpo
de uma aeronave conforme ela voa. O avião usado na simulação foi um Cessna 172 Skyhawk, provavelmente o
avião mais comum no mundo, só que os tanques estão cheios de baterias
de íon de lítio e o motor é elétrico, o que dá uma autonomia de 5 a 10
minutos. Em todas as simulações, o aeroplano é liberado a 1 km de altitude e
tenta continuar voando dali. Nove dos 32 maiores corpos têm atmosfera, e
é nestes corpos que Munroe fez o teste.
Voando solo
Basicamente, no sol, o aeroplano é vaporizado em menos de um segundo.
Em Marte, ele não consegue desenvolver velocidade suficiente para sair
do mergulho, e atinge o solo a mais de 60 m/s. Se for liberado a quatro
ou cinco quilômetros de altitude, ele consegue ganhar velocidade para
planar à metade da velocidade do som. Não foi possível simular Vênus, pois sua pressão e temperaturas são
muito altas, mas os cálculos e a física apontam que o avião voaria bem,
exceto pelo fato de que estaria pegando fogo o tempo todo, e logo
deixaria de ser um avião, caindo. Se for, entretanto, liberado acima das
nuvens, a 55 km de altitude, as condições são melhores: temperatura
normal e pressão similar à das montanhas terrestres. Só vai precisar de
uma proteção contra o ácido sulfúrico, bem como suportar ventos
similares a um furacão categoria 5. Em Júpiter não tem voo, a gravidade é muito forte. O avião poderia
começar a uma altitude com pressão similar à atmosférica, e ir
acelerando em um voo planado para baixo, até ser esmagado pela pressão. Em Saturno, a gravidade é um pouco mais fraca na região em que a
pressão corresponde a uma atmosfera. Daria para voar mais longe, até o
frio ou os ventos fortes obrigarem a nave a descer e ter o mesmo destino
que em Júpiter. Urano é um globo estranho, com ventos fortíssimos e muito frio. É o
mais amigável dos gigantes gasosos e provavelmente o Cessna voaria um
pouco mais. Mas em um planeta onde todos os lugares são iguais, para que
voar mais longe? Netuno pode ser uma escolha um pouco melhor que Urano. Tem algumas
nuvens para você olhar antes de congelar ou ser partido ao meio pela
turbulência. Titã é o último corpo com atmosfera que Munroe testou. Segundo ele,
pode ser melhor para voar do que a Terra, já que a atmosfera é mais
densa, mas a gravidade é menor. Daria para voar com um Cessna movido a
pedal. Aliás, não seria necessário um Cessna: daria para voar com não mais
que um par de asas artificiais – não seria mais cansativo que pedalar. O
problema é a temperatura de 72 Kelvin (-201,15 graus Celsius),
basicamente a temperatura do nitrogênio líquido. Você pode ler todo o post de Munroe em What if? (“E se?”, um tipo de blog em que Randall responde à perguntas hipotéticas usando física, toda terça-feira).
Fonte:Hypescience.com[Gizmodo, What if?]
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