Estrelas “moribundas” são capazes de manter planetas possivelmente habitáveis

Sabemos que a Terra é, por enquanto, o único planeta habitável, porque reúne condições específicas para a existência e manutenção de vida. Sendo o terceiro planeta do Sistema Solar, a Terra está a uma distância de aproximadamente 150.000.000 km do Sol, o que contribuiu para uma série de fatores que foram favoráveis para a formação de vida no planeta. É satisfatória, por exemplo, a quantidade de radiação solar que chega até a atmosfera terrestre, no qual com o auxílio de camada de gases que envolvem a Terra, acaba sendo regulada, mantendo a atmosfera e a presença de água em estado líquido. O Sol é, por assim dizer, o elemento que essencialmente contribui para a existência da vida. No entanto, o planeta deve estar a uma distância consideravelmente segura para que isso possa ocorrer. No caso de Mercúrio e Vênus, por exemplo, eles estão tão próximos do Sol que praticamente não possuem atmosfera, e suas temperaturas são extremas.
 
Mercúrio chega a 400 °C quando um lado está voltado para o Sol, já o lado oposto apresenta - 180 °C! Vênus é o planeta mais quente do sistema solar, superando até Mercúrio, que é o mais próximo. A sua temperatura média à superfície é de aproximadamente 460 °C por conta das fortes ocorrências de efeito estufa, além de não apresentar água. Estar afastado do Sol a uma distância muito grande também não contribui para a existência de vida. Marte e Júpiter, por exemplo, estão logo após a Terra, e não possuem condições favoráveis para serem habitados. Muito já se falou de Marte, e até já foi comprovado que em algum momento existiu água em sua superfície, mas hoje em dia, contudo, este planeta não exibe meios que permitam água no estado líquido. O mesmo pode-se dizer de Júpiter, o gigante gasoso, que se resume a uma imensa bola de hidrogênio e hélio. Sua temperatura é de aproximadamente -150°C, o que também indica a impossibilidade de manutenção da vida.
 
O único planeta que possui condições favoráveis é a Terra, graças ao Sol que segue trabalhando a todo vapor. Entretanto, estudos comprovam que uma estrela que já esteja no final de sua vida também consegue manter planetas com vida, e se caso exista mesmo a vida neles, seria possível detectar esses planetas na próxima década. Este resultado vem de uma pesquisa teórica relacionada a planetas como a Terra que orbitam estrelas anãs brancas. Os pesquisadores descobriram que é possível detectar oxigênio na atmosfera de um planeta ‘anão branco’ com muito mais facilidade que em um planeta como a Terra orbitando uma estrela parecida ao Sol. Avi Loeb, teórico do Centro de Astrofísica de Harvard-Smithsonian (CFA) e diretor do Instituto de Teoria e Computação disse: “Na busca por assinaturas biológicas extraterrestres, as primeiras estrelas que estudamos devem ser anãs brancas”, em entrevista ao ScienceDaily.
 
 
Estrela anã branca
Está é a terminação dada a uma estrela representando seu estágio de ‘morte’. Sendo assim, ela é menor que as estrelas comuns e com um brilho muito inferior, se comparado com as demais. O fato é que ao consumir todo o hidrogênio de seu núcleo elas podem se converter a um tipo de estrela conhecida como gigante vermelha. Essas são compostas por um núcleo pequeno e denso de carbono e camadas externas onde se fundem hélio e hidrogênio. No entanto, as gigantes vermelhas não possuem tamanho suficiente para produzir o calor necessário para continuar desenvolvendo o processo de fusão do material que está em seu núcleo, fazendo com que esse núcleo diminua. Mesmo assim, a densidade e pressão no núcleo aumentam cada vez mais, e quando chega um ponto no qual o núcleo não consegue diminuir, ele acaba se estabilizando a uma densidade de aproximadamente 1.010 kg/m³.

 Apesar disso, a parte externa da estrela continua liberando energia e consumindo hélio, tornando-se instável e transformando-se em uma imensa nuvem de materiais que compunham a estrela original. O que era antes uma gigante vermelha passa a ser duas coisas diferentes: uma grande nuvem fria e difusa, que se conhece pelo nome de nebulosa planetária, e um mínimo corpo celeste que possui um núcleo de carbono, e que está em baixa atividade de fusão de hélio e hidrogênio em sua crosta. Este corpo celeste é denominado uma anã branca. Voltando ao estudo divulgado recentemente, caso existam planetas nas zonas habitáveis de estrelas anãs brancas, seria preciso encontrá-los antes que se pudesse estudá-los. Aparentemente, a abundância de elementos pesados na superfície da anã branca sugere uma fração significativa de planetas rochosos. Segundo Loeb e seu colega Dan Maoz da Universidade de Tel Aviv, estima-se que pesquisando as próximas 500 anãs brancas seja possível detectar um ou mais planetas habitáveis como a Terra.
 
Como encontrar esses possíveis planetas habitáveis
Um planeta que orbita uma anã branca tem aproximadamente o mesmo tamanho da Terra. O melhor método para encontrar esses planetas, segundo pesquisadores, é encontrar uma estrela anã que escurece quando um planeta em órbita cruza a sua frente – esse fenômeno é chamado de trânsito. Só é possível achar esses planetas quando eles estão em trânsito. Pois, quando a luz emitida pela anã branca brilha através do anel de ar que rodeia o planeta, a sua atmosfera absorve um pouco de luz estelar, deixando impressões digitais químicas que podem comprovar se no ar contém vapor de água ou oxigênio. O telescópio espacial da NASA ,James Webb (JWST), será lançado até o final desta década para tentar farejar os gases desses possíveis mundos habitáveis. Os pesquisadores Loeb e Maoz criaram um espectro sintético, simulando o que o JWST iria ver se ele examinasse um planeta habitável em órbita de uma anã branca. Foram constatadas que poucas horas seriam suficientes para detectar oxigênio e vapor de água nesses corpos celestes. "JWST oferece a melhor esperança de encontrar um planeta habitado no futuro próximo", disse Maoz.
Fonte: Jornal Ciência

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