Organização quer colonizar Marte com reality show; cientistas desconfiam
Organização MarsOne quer colonizar o planeta vermelho com dinheiro de reality show Foto: AFP
Levar o homem a Marte, principiar a colonização do planeta e pagar pela expedição com dinheiro oriundo de um reality show. E isso em 2023, daqui a apenas uma década. Parece absurdo? A MarsOne, uma organização holandesa, não governamental e sem fins lucrativos, discorda. A ideia foi lançada em 2011, e o processo de seleção de astronautas começa ainda no primeiro semestre deste ano. De acordo com a empresa, o diferencial das missões é que não haverá retorno. Com isso, toda a tecnologia para levar e manter humanos em Marte já existe. E aspirantes a colonizadores, aparentemente, não faltam: antes que os critérios de seleção fossem anunciados, no início de janeiro, mais de mil pessoas já haviam enviado e-mail se candidatando. A iniciativa conta com o apoio de cientistas como Gerard Hooft, holandês premiado com o Nobel de Física em 1999. E ele não está sozinho. Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua, é um dos entusiastas da ideia de colonizar Marte.
Entre as contribuições científicas do astronauta após regressar à Terra, encontra-se o conceito da Aldrin Mars Cycler, trajetória orbital para facilitar o percurso até o planeta vermelho. Finda sua experiência na Nasa e na Força Aérea, Buzz principiou uma campanha em prol da conscientização da população e do governo americano da importância dos investimentos na exploração espacial. Em seu site, Aldrin dedicava uma mensagem especial às crianças, com o intuito de despertar-lhes a curiosidade pelo espaço: “Você será uma das primeiras pessoas a pisar em Marte? Você pode até ser um dos primeiros a colonizar Marte! Mas não pare por aí. Você pode ir para Vênus, para os anéis de Saturno ou para as luas de Júpiter - além do que seus olhos podem ver e até onde sua mente pode imaginar. Mire as estrelas! Do seu amigo, Buzz Aldrin”. A forma encontrada para financiar o projeto é curiosa: a realização de um reality show que apresentaria à Terra o início da colonização do planeta vermelho. Conforme o fundador da companhia, Bas Lansdorp, baseado nos números da audiência dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, a missão se pagaria facilmente. Apesar de ainda não se ter detalhes de todo o orçamento, Lansdorp revelou, em entrevista ao Terra, que o gasto não passará de US$ 6 bilhões, e um levantamento feito com prováveis fornecedores prevê que o maior investimento será no desenvolvimento de tecnologias para manter humanos vivos em Marte.
Entre as contribuições científicas do astronauta após regressar à Terra, encontra-se o conceito da Aldrin Mars Cycler, trajetória orbital para facilitar o percurso até o planeta vermelho. Finda sua experiência na Nasa e na Força Aérea, Buzz principiou uma campanha em prol da conscientização da população e do governo americano da importância dos investimentos na exploração espacial. Em seu site, Aldrin dedicava uma mensagem especial às crianças, com o intuito de despertar-lhes a curiosidade pelo espaço: “Você será uma das primeiras pessoas a pisar em Marte? Você pode até ser um dos primeiros a colonizar Marte! Mas não pare por aí. Você pode ir para Vênus, para os anéis de Saturno ou para as luas de Júpiter - além do que seus olhos podem ver e até onde sua mente pode imaginar. Mire as estrelas! Do seu amigo, Buzz Aldrin”. A forma encontrada para financiar o projeto é curiosa: a realização de um reality show que apresentaria à Terra o início da colonização do planeta vermelho. Conforme o fundador da companhia, Bas Lansdorp, baseado nos números da audiência dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, a missão se pagaria facilmente. Apesar de ainda não se ter detalhes de todo o orçamento, Lansdorp revelou, em entrevista ao Terra, que o gasto não passará de US$ 6 bilhões, e um levantamento feito com prováveis fornecedores prevê que o maior investimento será no desenvolvimento de tecnologias para manter humanos vivos em Marte.
Mesmo que o reality show seja viável e se encontrem outras maneiras de financiar o projeto, é impossível garantir a integridade física dos astronautas. Alguns riscos para a saúde não são nem perfeitamente estimados. A gravidade, 40% da experimentada na Terra, é apenas um dos fatores. O ar é mais rarefeito, e a temperatura pode chegar a -135 graus celsius. Tempestades de poeira são comuns. Pelo menos, segundo dados da sonda Curiosity, os índices de radiação não chegariam a impedir a exploração humana no planeta. Mas é impossível avaliar todos os riscos e danos à saúde que a vivência em Marte trariam. “As pessoas que irão já terão que ir com a mentalidade de que não será muito seguro. Elas terão de entender os riscos e decidir se vale a pena. Não há garantia. A nossa única garantia é de que será o mais seguro possível”, reconheceu Lansdorp. É esse risco admitido pelo fundador da MarsOne que preocupa especialistas no tema. Ulisses Capozzoli, doutor em Ciências pela USP e editor-chefe da revista Scientific American Brasil, contesta a possibilidade de controlar esses riscos e afirma que a complexidade de uma missão como essa é ainda subestimada. Na mesma linha, o ex-pesquisador da Nasa Norbert Kraft, que estudou psicologia de humanos para missões espaciais de longo prazo, também se preocupa com o lado emocional e psicológico dos enviados. No mínimo, um grande número de psiquiatras e psicólogos deveriam fazer parte da colônia para antecipar os problemas que aparecerão”, advertiu Kraft.
Capozzoli lembra que também é preciso se preocupar com a questão do confinamento e do isolamento. Apenas na viagem até Marte, serão entre 150 e 300 dias terrestres em um espaço diminuto, de gravidade reduzida, com a convivência restrita em quatro tripulantes. Em experimentos nos últimos anos, astronautas russos em missões de longa duração apresentaram anomalias de comportamento, como surtos psicóticos e distúrbios psicológicos. Para o editor da revista, seria preciso uma missão científica anterior ao envio de colonos para garantir métodos de sobrevivência. Ainda seria necessária uma pesquisa ampla sobre os métodos de colonização do Novo Mundo. Teria de ser como foi a conquista das Américas. Eu estimo que seriam necessários pelo menos 2 mil colonos com uma certa diversidade genética e profissional para fazer frente aos desafios. Já se sabe, por exemplo, que o idioma de quem quer que for mudará na convivência em Marte”, explicou o especialista, citando artigo de Cameron Smith, da edição de fevereiro da Scientific American Brasil. Porém Capozzoli ressalta que uma missão colonizadora a Marte seria muito importante. “É uma questão de manutenção da humanidade. Seria nosso segundo mundo. Pode ser que a Terra seja atingida por um cometa. É improvável, mas certamente possível”, disse.
Ele acredita que uma missão a Marte provavelmente seria capitaneada por grandes potências, mas que uma participação mais ampla seria muito importante. “Tem de ser uma coisa delineada pela Organização das Nações Unidades. Temos que garantir que seja uma experiência humana e não restrita a alguns países”, resumiu. Outros pesquisadores advertem que, se uma agência do porte da Nasa foi incapaz de concretizar projetos semelhantes, uma nova empresa, sem a experiência da agência espacial americana, também não o poderia. Apesar das desconfianças, o cronograma já está alinhado. Em 2016, será lançado o primeiro navio de abastecimento. Em 2018, será lançado o Mars Rover, veículo motorizado e automatizado nas expedições na superfície de Marte após o pouso. E em 2023, o pouso em Marte será transmitido para toda a Terra, e a convivência dos quatro primeiros humanos do planeta vermelho poderá ser acompanhada 24 horas por dia - terrestre.
Fonte: TERRA
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