Buraco negro no centro da Via Láctea se prepara para uma refeição

Durante o próximo mês de agosto, o centro da nossa galáxia deve engolir uma nuvem de gás com massa três vezes maior do que a da Terra.
Eis algo que não se vê todo dia: um buraco negro se alimentando. De acordo com astrônomos, o enorme Sagittarius A* (ou Sag A*), localizado no centro da Via Láctea, deve engolir até a metade do ano uma nuvem de gases com massa três vezes maior do que a da Terra. Naturalmente, a ocasião é festejada pela astronomia, sendo a primeira oportunidade de entender como um buraco negro atrai objetos para o seu centro. Durante o próximo mês de agosto, a nuvem de gás conhecida como G2 passará a uma distância de 36 anos-luz de Sag A* (sete vezes a distância entre Plutão e o Sol, para efeitos de comparação). Segundo os estudiosos, os resultados da aproximação dependem diretamente da natureza do G2.

“Espaguetificação”

Quando se fala em “nuvem de gás”, entretanto, vale notar: não há um consenso absoluto sobre a natureza da enorme massa que se aproxima de Sag A*. Caso se trate realmente de um amontoado gasoso, o esperado é que o fenômeno se desdobre em uma “espaguetificação” — uma desagregação progressiva do material do G2, seguindo o movimento natural da galáxia. Dessa forma, ao ser engolida pelo buraco negro, a nuvem será superaquecida e passará a emitir raios X, os quais poderão ser detectados da Terra. Dependendo da velocidade com que o material seja captado, pode se tratar de um processo capaz de se estender por vários anos.

G2 também pode ser outra coisa... 

Embora a ideia uma nuvem de gás pareça ser a mais aceita, alguns astrônomos defendem que o G2 pode ser os restos de um protoplaneta (planeta em formação) — uma formação com poeira e rochas — ou mesmo uma estrela. Para qualquer um dos casos, entretanto, o resultado seria o mesmo: a estrutura possivelmente passaria incólume pelo Sag A*.

Há perigo por estas bandas? 

A despeito de poder servir como alimento para teóricos do apocalipse — que, assim como um buraco negro, parecem poder se alimentar de qualquer coisa —, é bastante improvável que a refeição de Sag A* gere qualquer tipo de cosequência por aqui. E isso sobretudo pela considerável distância: a Terra está localizada na periferia da Via Láctea, a uma distância de 27 mil anos-luz do centro da galáxia. Mas isso também significa outra coisa: G2 (seja lá o que for) passou pelo buraco negro há 27 mil anos. Nós veremos o evento apenas agora porque o tempo foi necessário para que a luz viajasse todo o caminho até aqui.

Invisível desde a década de 1970

Foi em 1974 que os astrônomos se deram conta de que algo com uma imensa quantidade de massa ocupava a posição central da Via Láctea. Entretanto, não obstante os estudos intensos, jamais foi possível observar diretamente Sag A*. Em primeiro lugar, porque há uma enorme quantidade de poeira ocupando o espaço até o ponto em que se encontra o buraco negro. Em segundo, porque a gravidade em uma estrutura semelhante é tão incrivelmente intensa que nem mesmo a luz consegue escapar. Dessa forma, a “observação” de Sag A* é possível apenas por meio da captação de raios infravermelhos — pelos quais se determinou, por exemplo, que se trata de uma massa de 4,31 milhões de sóis. A ciência se ocupa atualmente em descobrir qual é exatamente o papel dos buracos negros na formação das galáxias.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mu Cephei

Eta Carinae

Astrônomos encontram planetas ‘inclinados’ mesmo em sistemas solares primitivos

Júpiter ao luar

Ganimedes de Juno

A Lagoa Profunda

Cometa, Planeta, Lua

Orionídeos em Touro

Astrônomos identificam possíveis civilizações alienígenas em estrelas

Marcando Bennu