Ciêntistas da USP investigam estrelas em busca planetas


Astrônomos da USP descobriram que a química das estrelas denuncia a presença de planetas ao seu redor. Isso foi constatado depois que eles analisaram a composição de um par de estrelas próximas, e a conclusão pode ajudar a resolver um velho mistério: como se formam planetas gigantes gasosos, similares a Júpiter. Conhecidas respectivamente como 16 Cygni A e B, as duas estrelas estão a apenas 69 anos-luz de distância da Terra, uma ninharia em termos astronômicos (um ano-luz é cerca de 9,5 trilhões de quilômetros).
Elas são muito similares ao Sol e fazem parte de um sistema trinário, ou seja, com três estrelas. Além de A e B girando em torno de um centro de massa comum, existe uma estrela bem menor que o Sol, 16 Cygni C, girando em torno de A. Sabe-se que 16 Cygni B possui um planeta gigante gasoso com pouco mais de 2,3 vezes a massa de Júpiter, numa órbita elíptica. Como as três estrelas pertencem ao mesmo sistema, devem ter se formado a partir da mesma nuvem de gás e poeira, o que em tese lhes conferiria composição química praticamente igual.

COMPOSIÇÃO
O astrônomo peruano Jorge Meléndez, da USP, defendia há anos a hipótese de que a presença (ou ausência) de certos elementos químicos na composição das estrelas tem relação com a formação de planetas ao seu redor. Em colaboração com seu estudante de doutorado, Marcelo Tucci Maia, e com Iván Ramirez, da Universidade do Texas em Austin, nos EUA, Meléndez usou o Telescópio Canadá-França-Havaí para colher e analisar luz emanada de 16 Cygni A e B. Essa luz permite determinar quais elementos químicos existem nas estrelas –e em quais quantidades. Então eles viram certos elementos metálicos eram menos presentes em 16 Cygni B, a estrela com planeta. Curiosamente, esse material que está "faltando" no astro é justamente o necessário para formar o núcleo de um planeta gigante gasoso como o que há em torno da estrela. A descoberta abre novas possibilidades de pesquisa de planetas em sistemas com mais de uma estrela. Mas ela tem relevância ainda maior para explicar um enigma da astronomia: como se formam planetas gigantes gasosos.

Existem hoje dois modelos para a formação dos planetas gigantes gasosos. O mais tradicional é o da acreção, que sugere que o que nasce primeiro é o núcleo. Uma vez que o núcleo atinge um tamanho suficientemente grande, ele começa a atrair o gás para si e se transforma num planeta gasoso. Uma ideia alternativa sugere que esses mundos gigantes poderiam se formar por uma rota parecida com a que leva à formação de estrelas –pelo colapso gravitacional rápido de uma grande quantidade de gás e poeira. Os astrônomos acham que ambos os processos são válidos. Mas como distinguir entre um e outro em planetas já formados e refinar a compreensão do processo?

O achado de Meléndez e seus colegas, aceito para publicação pelo periódico "Astrophysical Research Letters", parece ser a resposta. Ao encontrar uma correspondência entre diferenças químicas na estrela e a presença de um gigante gasoso, o resultado reforça a ideia de que 16 Cygni Bb se formou por acreção, e não por colapso. Se tivesse sido colapso, a composição química média seria similar entre as estrelas A e B, pois o planeta seria formado com material da mesma nuvem que formou as estrelas", diz Meléndez.
Fonte: FOLHA

Comentários

  1. Desculpe fugir do tema.
    Gostaria de perguntar sobre a relação entre a idade estimada do universo (cerca de 13,7 bilhões de anos) e seu possível "tamanho" estimado.
    Os 13,7 bilhões de anos significam um "diâmetro" de 13,7 bilhões vezes 9,5 trilhões de km?
    Ou seja, é correto multiplicar a idade estimada do universo pelo comprimento de um ano-luz para chegar a uma possível mensuração do tamanho?
    A cada momento o universo "aumenta" na proporção da velocidade da luz?
    Ou a relação é outra?
    Muito grato.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!

Postagens mais visitadas deste blog

Mu Cephei

Eta Carinae

Astrônomos encontram planetas ‘inclinados’ mesmo em sistemas solares primitivos

Júpiter ao luar

Ganimedes de Juno

A Lagoa Profunda

Cometa, Planeta, Lua

Orionídeos em Touro

Astrônomos identificam possíveis civilizações alienígenas em estrelas

Marcando Bennu