Philae pousa no cometa 67P/CHURYUMOV-GERASIMENKO
Impressão de artista do Philae à superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
Crédito: ESA/ATG medialab
Crédito: ESA/ATG medialab
A missão da ESA, Rosetta, poisou o seu módulo Philae num cometa, a primeira vez na história que se consegue um feito tão extraordinário. A largada foi confirmada às 09:03 GMT a uma distância de 22,5 km do centro do cometa. Durante a descida de sete horas, que foi feita sem propulsão ou condução, o Philae captou imagens e guardou informações acerca do ambiente no cometa. A câmara da Rosetta, por outro lado, também capturou imagens à medida que o Philae descia lentamente. Depois da tensa espera de sete horas, durante a descida à superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, o sinal a confirmar o sucesso chegou à Terra às 16:03 GMT.
Esta confirmação veio através da nave Rosetta e foi captada em simultâneo pelas estações da ESA na Terra, em Malargüe, Argentina, e da NASA, em Madrid, Espanha. O sinal foi confirmado imediatamente pelo Centro de Operações Espaciais da ESA, o ESOC, em Darmstadt, e pelo centro de controlo da DLR, em Colónia, ambos na Alemanha. Os primeiros dados dos instrumentos do "lander" foram transmitidos ao Centro de Operações da Agência Espacial Francesa, CNES, em Toulouse, França. No entanto, a descida do Philae não correu como se esperava. O cometa tem uma gravidade muito fraca, aproximadamente 1/10.000 da da Terra, e a sua velocidade de escape ronda os 0,5 m/s. O Philae aterrou ao dobro desta velocidade, pelo que os ressaltos eram uma preocupação.
A telemetria mostrou pouco tempo depois que um par de arpões, desenhados para ancorar o módulo imediatamente após o poiso, não foram activados como se planeava. E um pequeno propulsor, cuja única função era fornecer uma ligeira força descendente para manter o Philae no chão, não disparou. Ninguém se apercebeu na altura, mas os dados do módulo e particularmente as medições do instrumento ROMAP, que mede o campo magnético, mostraram que o Philae, de facto, ressaltou após o poiso - não uma, mas duas vezes!.
A primeira recuperação durou cerca de duas horas, durante as quais o Philae girou lentamente e vagueou talvez até 1 km acima do cometa antes de pousar novamente às 18:26 GMT. O segundo ressalto foi mais breve, terminando às 18:33. Por isso, o Philae pousou não uma, não duas, mas três vezes no cometa. Estas aterragens inesperadas explicam o porquê da intermitência do contacto de rádio e o porquê da energia recolhida pelos painéis solares ter flutuado durante algum tempo.
Numa conferência de imprensa que teve lugar ontem, os cientistas da missão acrescentam que devido aos ressaltos e ao tempo que demorou a assentar, o Philae provavelmente não estará no local desejado, conhecido como Agilkia. O primeiro poiso foi quase ao centro desta região, mas nas horas que o Philae demorou a fazer a sua descida derradeira, o cometa girou. Ainda não sabem exactamente onde está, mas pensam que não está muito longe do local escolhido. Em Agilkia esperavam 6-7 horas de luz solar, a fim de recarregar a bateria secundária do Philae e assim prolongar a sua missão científica. No local onde se encontra, o Philae recebe cerca de hora e meia de luz (a cada 12 horas), complicando as hipóteses de uma missão mais longa.
Os cientistas também explicaram que duas das três pernas estão no chão, a terceira encontra-se no "ar". O Philae está por isso numa posição inclinada e parece que parcialmente à sombra. Felizmente, a sua antena está a apontar para cima e não existem problemas de comunicação com a Rosetta. Entretanto, oito dos dez instrumentos do Philae estão a trabalhar. Os outros dois - o APXS (Alpha Proton X-ray Spectrometer) e o sistema de perfuração - foram temporariamente desligados porque ambos envolvem contacto com a superfície e os engenheiros estão preocupados em desestabilizar a orientação aparentemente precária do módulo.
"A nossa ambiciosa missão Rosetta assegurou um lugar nos livros de história: não só como o primeiro rendez-vous com um cometa em órbita, mas também como a primeira missão a colocar um módulo na superfície de um cometa," notou Jean-Jacques Dordain, Director-Geral da ESA. "Com a Rosetta estamos a abrir as portas à origem do planeta Terra e permitindo uma melhor compreensão do nosso futuro. A ESA e os seus parceiros da missão Rosetta atingiram algo extraordinário hoje."
"Depois de mais de 10 anos a viajar pelo espaço, estamos agora a fazer a melhor análise científica alguma vez feita aos resquícios do nosso Sistema Solar," disse Alvaro Giménez, Director de Exploração Científica e Robótica da ESA. "Estamos muito aliviados por termos poisado na superfície de um cometa, principalmente dado os desafios extra que enfrentamos relativamente ao estado do 'lander'," disse Stephan Ulamec, responsável pelo módulo de aterragem Philae, no Centro Aeroespacial Alemão, DLR.
A Rosetta foi lançada em Março de 2004 e viajou 6,4 mil milhões de quilómetros através do Sistema Solar, antes de chegar ao cometa a 6 de Agosto de 2014. A viagem da Rosetta foi um contínuo desafio operacional, exigindo uma aproximação inovadora, precisão e uma longa experiência," disse Thomas Reiter, director da ESA para os Voos Tripulados e Operações. "Este sucesso é a prova de um incrível trabalho de equipa e do conhecimento único em operações de uma nave, adquirido pela Agência Espacial Europeia ao longo de décadas."
Fonte: Astronomia Online - Portugal
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