Neblina de hidrocarbonetos de PLUTÃO mantém planeta anão mais frio do que o esperado
A camada de neblina de Plutão, azul nesta imagem obtida pela
New Horizons, gerada através de computador para replicar a sua cor verdadeira.
A neblina é produzida por reações químicas iniciadas pela luz solar, sobre o
azoto e metano, levando a pequenas partículas que crescem e assentam à
superfície.Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
A composição gasosa da atmosfera
de um planeta geralmente determina a quantidade de calor que fica aí preso. No
entanto, para o planeta anão Plutão, a temperatura prevista com base na
composição da sua atmosfera era muito maior do que as medições reais obtidas
pela sonda New Horizons da NASA em 2015. Um novo estudo, publicado na
edição de 16 de novembro da revista Nature, propõe um novo mecanismo de
arrefecimento controlado por partículas de neblina para explicar a atmosfera
frígida de Plutão.
"Tem sido um mistério desde
que obtivemos os dados de temperatura da New Horizons," afirma o autor
principal Xi Zhang, professor assistente de Ciências da Terra e Planetárias da
Universidade da Califórnia em Santa Cruz, EUA. "Plutão é o primeiro corpo
planetário que conhecemos onde o 'orçamento' energético da atmosfera é dominado
por partículas de neblina em fase sólida, em vez de gases. O mecanismo de arrefecimento
envolve a absorção de calor pelas partículas de neblina, que então emitem
radiação infravermelha, arrefecendo a atmosfera através de libertação de
energia para o espaço. O resultado é uma temperatura atmosférica de
aproximadamente 70 Kelvin (-203º C), em vez dos 100 K previstos (-173º C).
Impressão de artista que mostra a lua Caronte através das
camadas atmosféricas de Plutão, por cima de uma paisagem montanhosa de gelo,
coberta parcialmente com depóstiso de partículas de neblina escuras e
avermelhadas.Crédito: X. Liu
Segundo Zhang, o excesso de
radiação infravermelha das partículas de neblina na atmosfera de Plutão deve
ser detetável pelo Telescópio Espacial James Webb, permitindo a confirmação da
hipótese da equipa após o lançamento planeado do telescópio em 2019. As extensas camadas de neblina
atmosférica podem ser vistas em imagens de Plutão captadas pela New Horizons. A
neblina resulta de reações químicas na atmosfera superior, onde a radiação
ultravioleta do Sol ioniza o azoto e o metano, que reagem para formar pequenas
partículas de hidrocarbonetos com dezenas de nanómetros em diâmetro. À medida
que essas minúsculas partículas "se afundam" através da atmosfera,
colam-se para formar agregados que crescem à medida que descem, eventualmente
assentando à superfície. Acreditamos que estas
partículas de hidrocarbonetos estão relacionadas com o material avermelhado e
acastanhado visto em imagens da superfície de Plutão," acrescenta Zhang.
Os investigadores estão
interessados em estudar os efeitos das partículas de neblina no balanço
energético e atmosférico noutros corpos planetários, como na lua de Neptuno,
Tritão, e na lua de Saturno, Titã. Os seus achados também podem ser relevantes
para investigações de exoplanetas com atmosferas nubladas.
Fonte: Astronomia OnLine
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