Uma base de dados para a exploração estelar dos exoplanetas
A Dra. Natalie Hinkel do SwRI fazia parte de uma equipa que observava a vizinhança bastante ocupada em torno da estrela próxima TRAPPIST-1. Com base nos seus modelos, um planeta na denominada zona de habitabilidade é um mundo de água, composto de até 25% de água.Crédito: NASA/JPL-Caltech/R. Hurt
Uma cientista do
SwRI (Southwest Research Institute) está a usar grandes quantidades de dados
para ajudar a comunidade científica a caracterizar exoplanetas, particularmente
mundos alienígenas que orbitam estrelas próximas. De particular interesse são
os exoplanetas que podem abrigar vida.
"No início,
os cientistas focaram-se nas temperaturas, procurando exoplanetas na zona
habitável - nem muito perto, nem muito longe da estrela, onde a água líquida
pode existir," comenta a Dra. Natalie Hinkel, astrofísica planetária do
SwRI. "Mas a definição de habitabilidade está evoluindo para lá da água
líquida e de uma temperatura agradável."
Os planetas
também precisam de blocos de construção para a vida (como hidrogénio, carbono,
azoto, oxigénio e fósforo), bem como uma composição rochosa (incluindo elementos
como ferro, silício e magnésio) para que sejam habitáveis. Além disso, são
necessários ciclos geoquímicos ativos para distribuir esses elementos por todo
o planeta. Tal como visto na Terra, uma atmosfera protetora é também um
requisito para a vida.
"Com a
tecnologia atual, não podemos medir a composição da superfície de um
exoplaneta, muito menos o seu interior," explica Hinkel. "Mas podemos
medir espectroscopicamente a abundância de elementos numa estrela, estudando
como a luz interage com os elementos nas camadas superiores de uma estrela.
Usando estes dados, os cientistas podem deduzir a composição dos planetas em
órbita, usando a composição estelar como um 'proxy' para os seus
planetas."
Hinkel construiu
uma base de dados disponível publicamente, de nome Catálogo Hipácia, para
ajudar os investigadores a explorar milhares de estrelas, bem como potenciais
sistemas de estrela-exoplaneta, observados nos últimos 35 anos. É a maior base
de dados de estrelas e dos seus elementos para a população até 500 anos-luz do
nosso Sol. Na última contagem, Hipácia tinha dados da abundância química
estelar de 6156 estrelas, 365 das quais são conhecidas por abrigar planetas. A
base de dados também cataloga 72 elementos estelares, desde o hidrogénio até ao
chumbo.
"O Catálogo
Hipácia e outras grandes bases de dados de abundâncias químicas estelares abrem
uma nova era de exploração exoplanetária," realça Hinkel. Ela fez parte de
uma equipa de cientistas que recentemente modelou a água nos planetas em órbita
da estrela vizinha TRAPPIST-1. "Descobrimos que alguns dos planetas,
incluindo um na zona habitável, são provavelmente 'mundos de água', composto
por 5 a 25% de água, o que afetaria fortemente a sua habitabilidade. Em
comparação, a Terra tem 0,02% de água."
Hinkel trabalha
agora com uma variedade de algoritmos de aprendizado de máquina para explorar
as formas inéditas de como a presença de um planeta pode influenciar a química
da estrela.
Fonte: http://www.ccvalg.pt
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