A história das primeiras estrelas e galáxias, de acordo com 20 anos de simulação do universo inicial
Você provavelmente conhece a
teoria do Big Bang, o magnífico e explosivo nascimento do nosso universo. Mas o
que aconteceu logo a seguir?
Cerca de 100 milhões de anos
de escuridão. Quando as primeiras estrelas
se iluminaram, elas eram maiores e mais brilhantes do que as que se seguiram.
Sua luz ultravioleta era tão intensa que transformava os átomos ao redor em
íons. De onde vieram essas estrelas? E
como elas se tornaram as galáxias – o universo repleto de radiação e plasma –
que vemos hoje? Essas são as nossas questões”, explicou o professor Michael
Norman, diretor do San Diego Supercomputer Center e principal autor de um
artigo publicado na revista científica Frontiers in Astronomy and Space
Sciences.
Amanhecer
Cósmico
O chamado “Amanhecer Cósmico”
– que vai do surgimento da primeira estrela até a conclusão dessa “reionização
cósmica” – durou cerca de um bilhão de anos. Pesquisadores como o professor
Norman trabalham com equações matemáticas e simulações do universo para tentar
compreender melhor este período. Ele e sua equipe passaram mais de 20 anos
refinando um software para estudar o Amanhecer Cósmico.
A
simulação
Os cientistas primeiro
criaram um código que lhes permitiu modelar as primeiras estrelas do universo.
Essas equações descrevem o movimento e as reações químicas dentro das nuvens de
gás em um universo antes da luz, e a imensa força gravitacional de uma massa
muito maior, mas invisível – a misteriosa matéria escura.
“Essas nuvens de hidrogênio
puro e hélio desmoronaram sob a gravidade para incendiar estrelas únicas e
massivas – centenas de vezes mais pesadas que nosso sol”, esclarece Norman. Os primeiros elementos pesados se formaram
nos núcleos de alta pressão das primeiras estrelas: apenas um pouquinho de
lítio e berílio. Com a morte de tais
estrelas gigantes de vida curta, que entraram em colapso e explodiram em
supernovas deslumbrantes, metais pesados como ferro foram finalmente criados em
abundância e espalhados pelo espaço.
Oi,
metais
Em um segundo momento da
simulação, os pesquisadores adicionaram equações para modelar o enriquecimento
de nuvens de gás com esses metais recém-formados, o que levou à formação de um
novo tipo de estrela.
A formação de estrelas
gigantes sem metal não parou totalmente – pequenas galáxias dessas estrelas
deveriam existir em locais onde havia matéria escura suficiente para resfriar
nuvens imaculadas de hidrogênio e hélio.
No entanto, sem uma enorme
atração gravitacional, a intensa radiação das estrelas existentes aquece as
nuvens de gás e rasga suas moléculas. Então, na maioria dos casos, o gás livre
de metal colapsa inteiramente para formar um único buraco negro supermassivo.
Galáxias
“As novas gerações de
estrelas que se formaram são menores e muito mais numerosas, por causa das
reações químicas possíveis com os metais”, observa Norman. Neste estágio, já
temos os primeiros objetos no universo que tpodem ser chamados de galáxias: uma
combinação de matéria escura, gás enriquecido com metal e estrelas.
“As primeiras galáxias são
menores do que o esperado porque a radiação intensa de estrelas jovens e
massivas leva o gás denso para longe das regiões de formação de estrelas. Por
sua vez, a radiação das menores galáxias contribuiu significativamente para a
reionização cósmica”, sugere.
Essas galáxias são numerosas,
mas difíceis de detectar. Elas poderiam nos informar a data exata do término do
Amanhecer Cósmico – isto é, quando a reionização cósmica se completou. A
transição foi rápida: em 30 milhões de anos, praticamente todas as novas
estrelas foram enriquecidas com metais”, afirmou Norman.
Peças
ainda fora do lugar
Outros grupos de pesquisa
estão se envolvendo com a simulação, ajudando os cientistas a superarem
limitações de computação, importando alguns de seus resultados ou simplificando
partes de um modelo que são menos relevantes para os seus interesses de estudo.
Esses métodos semi-analíticos já foram usados para determinar com mais precisão
por quanto tempo as primeiras estrelas maciças e sem metal estavam sendo
criadas, quantas ainda deveriam ser observadas, e a contribuição delas – bem
como dos buracos negros e estrelas enriquecidas com metal – para a reionização
cósmica”, explica Norman.
Os pesquisadores agora devem
conduzir uma nova geração de simulações com códigos diferentes para elucidar
pontos de incerteza. Isso nos ajudará a
entender o papel dos campos magnéticos, raios-X e poeira espacial no
resfriamento de gás, e a identidade e comportamento da misteriosa matéria
escura que impulsiona a formação de estrelas”, resume Norman.
Fonte: hypescience.com
[Phys]
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