Recém Chegada OSIRIS-REX já descobriu água no asteroide Bennu
Dados recentemente analisados
da missão OSIRIS-REx (Origins, Spectral Interpretation, Resource
Identification, Security-Regolith Explorer) da NASA revelaram água em argilas
que compõem o seu alvo científico, o asteroide Bennu.
Durante a fase de aproximação
da missão, entre meados de agosto e o início de dezembro, a sonda viajou 2,2
milhões de quilómetros na sua jornada da Terra para alcançar uma posição a 19
km de Bennu no dia 3 de dezembro. Durante esse tempo, a equipa de cientistas na
Terra apontou três dos instrumentos da nave para Bennu e começou a fazer as
primeiras observações científicas do asteroide. A OSIRIS-REx é a primeira
missão da NASA de retorno de amostras de um asteroide.
Dados obtidos a partir de
dois espectrómetros da sonda, o OVIRS (OSIRIS-REx Visible and Infrared
Spectrometer) e o OTES (OSIRIS-REx Thermal Emission Spectrometer), revelaram a
presença de moléculas que contêm átomos de oxigénio e hidrogénio ligados,
conhecidos como "hidroxilos". A equipa suspeita que estes grupos
hidroxilos existam globalmente no asteroide em minerais argilosos, o que
significa que, em algum momento, o material rochoso de Bennu interagiu com
água. Embora o próprio Bennu seja pequeno demais para abrigar água líquida, a
descoberta indica que a água líquida estava presente num determinado ponto da
história do corpo parente de Bennu, um asteroide muito maior.
"A presença de minerais
hidratados no asteroide confirma que Bennu, um remanescente do início da
formação do Sistema Solar, é um exemplo excelente para a missão OSIRIS-REx
estudar a composição de voláteis e materiais orgânicos primitivos," afirma
Amy Simon, cientista do instrumento OVIRS no Centro de Voo Espacial Goddard da
NASA em Greenbelt, no estado norte-americano de Maryland. "Quando as
amostras deste material chegarem à Terra em 2023, os cientistas receberão um
tesouro de novas informações sobre a história e evolução do nosso Sistema
Solar."
Além disso, os dados obtidos
pela OCAMS (OSIRIS-REx Camera Suite) corroboram as observações telescópicas
terrestre de Bennu e confirmam o modelo original desenvolvido em 2013 pelo
chefe da equipa científica da OSIRIS-REx, Michael Nolan, e colaboradores. Esse
modelo previu com bastante precisão a forma real do asteroide: o diâmetro de
Bennu, a rotação, a inclinação e a forma geral são quase como modelados.
Um "outlier" do
modelo previsto da forma é o tamanho da grande rocha perto do polo sul de
Bennu. O modelo, desenvolvido com base em observações terrestres, calculou que
a rocha teria pelo menos 10 metros de altura. Os cálculos preliminares das observações
da OCAMS mostram que o pedregulho está mais próximo dos 50 metros de altura,
com uma largura de aproximadamente 55 metros.
O material à superfície de
Bennu é uma mistura de regiões muito rochosas, cheias de pedregulhos e algumas
regiões relativamente planas que não têm pedregulhos. No entanto, a quantidade
de pedras à superfície é maior do que o esperado. A equipa fará observações
adicionais a distâncias menores para avaliar com mais precisão o local onde
poderá ser obtida a amostra para envio posterior para a Terra.
"Os nossos dados
iniciais mostram que a equipa escolheu o asteroide correto como alvo da missão
OSIRIS-REx. Ainda não descobrimos nenhum problema insuperável em Bennu,"
comenta Dante Lauretta, investigador principal da OSIRIS-REx na Universidade do
Arizona, em Tucson. "A sonda está bem de saúde e os instrumentos
científicos estão a funcionar melhor do que o necessário. Agora é hora da nossa
aventura começar."
A missão está atualmente a
realizar um levantamento preliminar do asteroide, fazendo com que a sonda passe
pelo polo norte, equador e polo sul de Bennu a distâncias de até 7 km para
melhor determinar a massa do asteroide. Os cientistas e engenheiros da missão
têm que conhecer a massa do asteroide a fim de projetar a inserção da nave em
órbita porque a massa afeta a atração gravitacional do objeto. A determinação
da massa de Bennu também ajudará a equipa científica a compreender a estrutura
e composição do asteroide.
O levantamento também fornece
a primeira oportunidade para o OLA (OSIRIS-REx Laser Altimeter), um instrumento
fornecido pela Agência Espacial Canadiana, fazer observações, agora que a sonda
está perto de Bennu.
A primeira inserção orbital
da sonda está programada para dia 31 de dezembro e a OSIRIS-REx permanecerá em
órbita até meados de fevereiro de 2019, quando sair para dar início a outra
série de "flybys" para a próxima fase do levantamento. Durante a
primeira fase orbital, a nave orbitará o asteroide a uma distância de 1,4-2 km
do centro de Bennu - estabelecendo novos recordes para o corpo mais pequeno já
orbitado por uma nave e a órbita mais próxima de um corpo planetário por
qualquer sonda.
Fonte: Astronomia OnLine
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