New Horizons explora ultima Thule
Esta
imagem obtida pelo instrumento LORRI (Long-Range Reconnaissance Imager) é a
mais detalhada de Ultima Thule já transmitida até à data pela New Horizons. Foi
obtida às 05:01 (UT) de dia 1 de janeiro de 2019, apenas 30 minutos antes da
maior aproximação, a 28.000 km, com uma escala original de 140 metros por
pixel.
A sonda New Horizons da NASA passou por Ultima Thule nas primeiras
horas do dia de Ano Novo, inaugurando a era da exploração da enigmática Cintura
de Kuiper, uma região de objetos primordiais que detém a chave para entender as
origens do Sistema Solar.
Os sinais que confirmaram que a nave está de boa saúde e tinha ocupado
o seu armazenamento digital com dados científicos de Ultima Thule chegaram ao
centro de operações da missão no Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins,
às 15:29 de dia 1 (hora portuguesa), quase 10 horas depois da maior aproximação
da New Horizons pelo objeto.
"A New Horizons teve um desempenho como planeado, levando a cabo a
exploração mais longínqua de um objeto na história da Humanidade- a 6,4 mil
milhões de quilómetros do Sol," disse o investigador principal Alan Stern,
do SwRI (Southwest Research Institute) em Boulder, no estado norte-americano da
Califórnia. "Os dados que temos parecem fantásticos e já estamos a
aprender mais sobre Ultima Thule de perto. A partir daqui os dados vão ficar
cada vez melhores!"
Os cientistas da missão New Horizons da NASA divulgaram as primeiras
imagens detalhadas do objeto mais distante já explorado. A sua aparência
notável, diferente de tudo o que já vimos antes, ilumina os processos que
construíram os planetas há 4,5 mil milhões de anos.
"Este 'flyby' é uma conquista histórica," disse Stern.
"Nunca antes tinha uma nave espacial estudado um corpo tão pequeno, a uma
velocidade tão elevada, tão longe nos confins do Sistema Solar. A New Horizons
estabeleceu um novo marco para a navegação espacial de última geração."
As novas imagens - obtidas a uma distância de 27.000 km - revelaram
Ultima Thule como um "binário de contacto", consistindo de duas
esferas ligadas. De ponta a ponta, mede 31 km. A equipa apelidou a esfera maior
de "Ultima" (19 km de comprimento) e a mais pequena de
"Thule" (14 km de comprimento).
A equipa diz que as duas esferas provavelmente uniram-se logo no início
da formação do Sistema Solar, colidindo a uma velocidade não superior à de um
pequeno acidente entre dois automóveis.
Os dados recebidos já resolveram um dos mistérios de Ultima Thule,
mostrando que o objeto da Cintura de Kuiper gira como uma hélice, com o eixo
apontando aproximadamente na direção da New Horizons. Isso explica porque, em
imagens obtidas anteriormente, o seu brilho não parecia variar à medida que
girava. A equipa ainda não determinou o período de rotação.
Além disso, dos dados mais recentes recebidos ficámos a saber:
Não existem evidências de anéis ou satélites com mais de 1,6 km em
órbita de Ultima Thule;
Não existem evidências de uma atmosfera;
A cor de Ultima Thule coincide com a cor de mundos parecidos na Cintura
de Kuiper, como determinado por medições telescópicas;
Os dois lóbulos de Ultima Thule - o primeiro binário de contacto
visitado na Cintura de Kuiper - são quase idênticos em termos de cor. Isto
coincide com o que sabemos sobre sistemas binários que ainda não entraram em
contacto um com o outro, mas que orbitam, ao invés, um ponto gravitacional comum.
"A New Horizons é como uma máquina do tempo, levando-nos de volta
ao nascimento do Sistema Solar. Estamos a ver uma representação física do
início da formação planetária, congelada no tempo," comenta Jeff Moore,
líder da equipa de Geologia e Geofísica da New Horizons. "O estudo de
Ultima Thule está a ajudar-nos a entender como os planetas se formam - tanto
aqueles no nosso Sistema Solar como aqueles em órbita de outras estrelas da Via
Láctea."
A sonda New Horizons continuará a transmitir imagens e outros dados nos
próximos dias e meses, completando o envio de todos os dados científicos em 20
meses, com imagens de muito maior resolução ainda por vir. Em 2015, a sonda
começou a sua exploração da Cintura de Kuiper com uma passagem por Plutão e
pelas suas luas. Quase 13 anos após o lançamento, a sonda vai continuar a
explorar a Cintura de Kuiper até pelo menos 2021. Os membros da equipa planeiam
propor a exploração de ainda outro objeto da Cintura de Kuiper além de Ultima
Thule.
Fonte: Astronomia OnLine
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