A incrível jornada de uma pedra terrestre!
Pergunta: o que os astronautas
que andaram na Lua trouxeram de lá, além de muitas fotos e poeira lunar? A
resposta vai surpreender você!
As missões Apollo 11 a 17
(pulando a 13) levaram astronautas que caminharam sobre a Lua. No caso da
Apollo 11, a primeira, as caminhadas duravam poucas horas, mas nas últimas
missões, os astronautas chegaram a passar alguns dias na sua superfície, com direito
a jipe lunar!
Dentre as atividades dos
astronautas estava a de coletar amostras de rochas e regolito lunar. O regolito
é uma camada de poeira composta por rocha triturada ao longo de milhões de
anos. Mas é uma poeira tão fina quanto talco que deixava os astronautas loucos
de raiva por se impregnar em qualquer superfície pela ação eletrostática.
De início, as rochas eram
coletadas a esmo, ou seja, os astronautas saíam andando para executar suas
tarefas e iam recolhendo amostras daquilo que eles achavam interessante. Com o
passar das missões, e a enxurrada de críticas que diziam que a NASA não estava
fazendo uma missão científica, mas sim só catando pedras, os astronautas
passaram a ter treinamento de geologia e começaram a recolher amostras com mais
critério.
Dentre os mais de 300 kg de
rochas lunares que ganharam uma viagem para a Terra, uma em especial estava
voltando para casa. Isso mesmo, dentre todo esse monte de rochas lunares, uma
delas tem todas as características de ser uma rocha terrestre!
E pode isso? Como uma rocha
terrestre foi encontrada na Lua?
No início da formação do Sistema
Solar e dos seus planetas, havia muitos asteroides e cometas no espaço, todos
formados a partir do disco protoplanetário. Com tanta rocha cruzando o espaço,
não eram raras as colisões entre os corpos ainda em formação. Tanto que o
período entre 4,1 e 3,8 bilhões de anos atrás foi batizado de ‘o grande
bombardeio’, tamanha a frequência e violência dessas colisões. As marcas dessa
época ainda podem ser vistas na Lua, que não tem erosão.
Já desde muito tempo imagina-se
que as colisões dessa época lançaram material no espaço e que eventualmente ele
foi capturado por outro corpo celeste. Por exemplo, não raro podemos encontrar
meteoritos marcianos na Terra, ou mesmo meteoritos de origem lunar. Tudo fruto
de uma grande colisão que lançou pedaços de rochas no espaço. Como a gravidade
nesses dois corpos é bem baixa, não é tão difícil que muitas pedras tenham
escapado, para depois de muitos milhões de anos virem a ser atraídas por outro
corpo do Sistema Solar com gravidade maior.
Se colisões assim podem trazer
pedras marcianas e lunares para a Terra, poderia também ocorrer o inverso? Sim,
certamente que sim! A questão é que, como a gravidade terrestre é maior, fica
mais difícil fazer com que pedaços da crosta terrestre alcancem o espaço, seria
necessária uma colisão muito intensa. Isso, na época do grande bombardeio devia
acontecer com bastante frequência e é muito provável que essas rochas tenham se
espalhado pelo Sistema Solar, sendo capturadas muito tempo depois pela Lua e,
porque não, Marte também.
O caso é que uma rocha mais ou
menos do tamanho de uma bola de basquete e com 10 kg aproximadamente trazida
pela missão Apollo 14 se mostra muito parecida com rochas formadas na Terra. A
rocha foi coletada por Alan Shepard e recebeu o número de registro 14321 e, se
for mesmo da Terra, será a rocha terrestre mais antiga já encontrada! Irônico
não?
As amostras das missões Apollo
são constantemente ‘revisitadas’, ou seja, reestudadas com equipamentos mais
modernos. Isso permitiu uma série de descobertas que eram impossíveis na década
de 1970, quando aconteceu a maior parte das missões. Em um desses novos
estudos, Jeremy Bellucci, do Museu Sueco de História Natural, chegou à
conclusão que os minerais presentes na rocha eram parecidos demais com os
minerais encontrados na crosta terrestre, tanto na quantidade, quanto na
proporção entre eles. Com isso, ele sugeriu em um estudo publicado no final de
janeiro último que a rocha deve ter se formado na Terra há 4,11 bilhões de anos
e foi capturada pela gravidade da Lua após um asteroide se colidir com a Terra.
Uma explicação alternativa é que
a rocha poderia ter se originado na própria Lua, na época em que havia magma
por debaixo da sua superfície. Todavia, para a rocha possuir os minerais
conforme foram medidos, teria que haver muita água presente no magma. Não só
isso parece improvável no caso da Lua, como também nenhuma outra rocha, até
agora, mostrou essa propriedade.
Esse ano, o pouso da Apollo 11 e
a conquista da Lua por Neil Armstrong e Edwin Aldrin completa 50 anos. E, mesmo
depois de meio século, a missão Apollo continua a render resultados incríveis!
Créditos: Cássio Barbosa
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!