Oito meses após perder contato com o rover, que estava em
Marte desde 2004, agência declara sua missão oficialmente encerrada
Uma
das missões de exploração robótica mais longevas e bem-sucedidas da história
chegou ao fim nesta quarta-feira, 13 de fevereiro. Depois de passar oito meses
tentando reavivar o rover Opportunity, que está em Marte desde janeiro de 2004,
a Nasa oficializou a “morte” do robô. Ele não resistiu à tempestade de areia de
proporções descomunais que cobriu todo o planeta vermelho em junho do ano
passado. Com os painéis solares encobertos por uma grossa crosta de poeira,
ficou impossibilitado de captar energia.
Desde
então, a Nasa já transmitiu mais de 600 comandos ao pequeno explorador
solicitando que acordasse e mandasse um sinal de vida. Nada adiantou. Mas o
Opportunity viveu bem mais do que o esperado. Foram 15 anos muitíssimo bem
vividos, com muitas histórias científicas para contar. Ele pousou em solo
marciano ao lado do Spirit, seu irmão, que operou por quase seis anos. A Nasa
já estaria satisfeita se ao menos um dos rovers durasse meros 90 dias, mas os
dois mostraram que não estavam para brincadeira. Para o Opportunity, a
sobrevida superou os 5,4 mil dias. Em meio ao sobe-desce do acidentado relevo
marciano, aos trancos e barrancos, o jipinho robótico rodou um total de 45
quilômetros. Explorou mais de 100 crateras, sobreviveu ao frio causticante e a
inumeráveis tempestades de poeira.
Mas
o fenômeno extremo que ocorreu em junho de 2018 estava fora de qualquer
precedente. A tempestade que engoliu Marte e decretou o fim do Opportunity foi
a pior das últimas décadas no planeta vermelho. Definitivamente, foi uma morte
honrada para um robô memorável. “É o fim da primeira grande roadtrip marciana”,
disse à revista New Scientist o ex-diretor de voo da missão, Mike Seibert. As
investigações levadas a cabo pelo rover mudaram completamente as concepções que
tínhamos do planeta vermelho.
“Marte
deixou de ser um lugar distante, pouco compreendido, para se tornar um mundo
real que os humanos podem almejar”, destacou Steve Squyres, diretor científico
da missão. A principal reviravolta que os dois rovers proporcionaram foi
referente ao passado marciano. Acontece que, antes de 2004, os cientistas
encaravam Marte como um planeta seco e estéril. Mas as evidências desveladas
pelo Spirit e pelo Opportunity insistiam em dizer o contrário.
Minerais
que só se formam na água salgada, argilas de regiões onde havia água potável e
com todas as condições favoráveis à vida, leitos de lagos e cursos d’água.
Estava tudo lá, eternizado no solo, à espera de um explorador que nos
mostrasse. Missão cumprida, bravo Opportunity. Seu legado já tem lugar
reservado e de destaque na história da exploração espacial. Agora descanse em
paz; ao menos por enquanto. Quem sabe, daqui a uma ou duas décadas, a
humanidade não envie uma missão tripulada a Marte – e ela possa varrer a poeira do robô e trazê-lo de volta à
vida.
Fonte: Super Interessante
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