Motor espacial interestelar pode utilizar buracos negros para impulsionar espaçonaves
Buracos negros podem ser a
chave para a exploração universal e viagens para outros sistemas estelares.
Conceitos teóricos para realizar este sonho já foram propostos antes, mas
questões de custo, tempo de viagem e combustível permanecem altamente problemáticas.
Atualmente, as esperanças dos cientistas concentram-se no uso de energia
direcionada e de velas de luz para empurrar minúsculas espaçonaves para
velocidades relativísticas – ou seja, velocidades que se igualam a frações
consideráveis da velocidade da luz. Porém, um novo estudo propõem que isso
também seria possível em espaçonaves grandes.
Esta nova teoria prevê o
disparo de feixes de laser que se curvariam em torno de um buraco negro – ou um
par de buracos negros – e retornariam com energia adicional para ajudar a impulsionar
uma espaçonave para velocidades perto da velocidade da luz.
“Às vezes, em um jogo, você
encontra um ‘exploit’, um truque que permite que você faça algo muito poderoso
que, de outra forma, seria proibido pelas regras do jogo. Neste caso, o jogo é
o mundo físico, e eu tentei pensar em exploits que permitiriam que uma
civilização conseguisse voar relativisticamente para frente e para trás através
da galáxia sem a vasta despesa de energia que alguém poderia ingenuamente achar
preciso”, explica o autor do estudo, David Kipping, astrofísico da Universidade
de Columbia, em Nova York, em entrevista ao site Space.
Um dos principais desafios ao
uso de foguetes para voar através do espaço é que o propulsor que carregam
consigo tem massa. Viagens longas precisam de muito combustível, o que torna os
foguetes pesados, o que, por sua vez, requer mais propulsores, tornando os
foguetes ainda mais pesados, e assim por diante. Esse problema fica
exponencialmente pior quanto maior for o foguete.
Em vez de transportar
toneladas de combustível, no entanto, naves espaciais equipadas com velas
espelhadas poderiam contar com o poder dos lasers para impulsioná-las.
Quanto mais rápido um buraco
negro se move, mais energia uma unidade de halo poderia extrair dele. Como tal,
Kipping concentrou-se principalmente no uso de pares de buracos negros em
espiral um em direção ao outro antes de uma fusão.
Buscando
civilizações
Um possível próximo passo
pode ser a busca por civilizações alienígenas que podem usar alguma tecnologia
parecida com esta. Os astrônomos podem procurar sinais de que civilizações
estão explorando pares de buracos negros para viajar com esse tipo de motor.
Kipping explica que um destes sinais pode estar na velocidade com que estes
buracos negros consomem energia. Este tipo de manobra roubaria energia de tais
sistemas de buracos negros binários, aumentando as taxas em que esses pares de
buracos negros se fundem acima do que se esperaria ver naturalmente.
“Primeiro, se a nossa espécie
continuar a expandir sua população e sua tecnologia a uma taxa exponencial,
pode chegar um tempo no futuro remoto onde a engenharia em escala astronômica
pode ser viável e necessária. Segundo, se estamos procurando sinais de vida
tecnologicamente avançada já existente em outras partes do universo, é útil
considerar que tipo de fenômeno observável uma tecnologia realmente avançada
pode ser capaz de produzir”, já sugeria Freeman Dyson ao propor seu estilingue
em volta das anãs brancas.
Estas propostas foram
baseadas em observações de pares de buracos negros orbitando uns aos outros em
velocidades relativísticas. Embora haja uma estimativa de 10 milhões de pares
de buracos negros na Via Láctea, Kipping observou que poucos deles
provavelmente orbitavam em velocidades relativistas por muito tempo, já que
eles se fundem rapidamente.
Ainda assim, ele observou que
buracos negros isolados e giratórios também poderiam lançar energia halo a
velocidades relativísticas, e afirma que os cientistas já sabem de numerosos
exemplos de buracos negros supermassivos relativísticos e giratórios.
Fonte: Hypescience.com
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