Testemunhado o nascimento de um sistema binário massivo
Imagem
ALMA da região de formação estelar IRAS07299 e do sistema binário massivo no
seu centro. A imagem de fundo mostra correntes densas de gás e poeira (verde)
que parecem fluir para o centro. Os movimentos do gás, traçados pela molécula
metanol, na nossa direção, estão a azul; os movimentos na direção oposta estão
a vermelho. A inserção mostra uma ampliação do massivo binário em formação, com
a protoestrela primária e mais brilhante movendo-se na nossa direção mostrada a
azul e a protoestrela secundária, mais ténue, movendo-se para longe de nós,
mostrada a vermelho. As linhas pontilhadas mostram um exemplo das órbitas da
primária e secundária espiralando em torno do seu centro de massa (assinalado
pela cruz).
Cientistas
do Grupo RIKEN para Investigação Pioneira no Japão, da Universidade Chalmers de
Tecnologia na Suécia, da Universidade da Virgínia nos EUA e colaboradores
usaram o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) para observar uma
nuvem molecular que está em colapso para formar duas protoestrelas massivas que
acabarão por se tornar num sistema estelar binário.
Embora
se saiba que a maioria das estrelas massivas possuem companheiras estelares em
órbita, não se tem a certeza de como isso acontece - por exemplo, se as
estrelas nascem juntas num disco espiral comum no centro de uma nuvem em
colapso, ou se se agrupam mais tarde graças a encontros aleatórios num enxame
estelar lotado.
Tem
sido difícil compreender a dinâmica da formação de binários porque as
protoestrelas nestes sistemas ainda estão envolvidas numa nuvem espessa de gás
e poeira que impede a maior parte da luz de escapar. Felizmente, é possível
vê-las usando ondas de rádio, desde que possam ser visualizadas com resolução
espacial suficientemente alta.
Animação
composta por imagens obtidas pelo ALMA que mostram as correntes de gás,
traçadas pela molécula metanol, com diferentes cores que indicam velocidades
diferentes, em redor da massiva protoestrela binária. A imagem cinzenta de
fundo mostra a distribuição geral, de todas as velocidades, da emissão da
poeira presente nas densas correntes de gás.Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO);
RIKEN, Zhang et al.
Na
investigação atual, publicada na revista Nature Astronomy, os cientistas
liderados por Yichen Zhang do Grupo RIKEN para Investigação Pioneira e Jonathan
C. Tan da Universidade Chalmers e da Universidade da Virgínia, usaram o ALMA
para observar, em alta resolução espacial, uma região de formação estelar
conhecida como IRAS07299-1651, localizada a 1,68 kiloparsecs, cerca de 5500
anos-luz.
As
observações mostraram que já neste estágio inicial, a nuvem contém dois
objetos, uma estrela central massiva e "primária" e outra estrela
"secundária" em formação, também com massa elevada. Pela primeira
vez, a equipa de investigação foi capaz de usar estas observações para deduzir
a dinâmica do sistema.
As observações mostraram que as duas estrelas em
formação estão separadas por uma distância de aproximadamente 180 UA (1 UA, ou
unidade astronómica, é a distância entre a Terra e o Sol). Portanto, estão bem
distantes. Atualmente orbitam-se uma à outra com um período de no máximo de 600
anos e têm uma massa total de pelo menos 18 vezes a do Sol.
De
acordo com Zhang, "esta é uma descoberta empolgante porque há muito que
estamos perplexos com a questão de se as estrelas se transformam em binários
durante o colapso inicial da nuvem de formação estelar ou se são criados
durante os estágios posteriores. As nossas observações mostram claramente que a
divisão em estrelas duplas ocorre no início, enquanto ainda estão na sua
infância."
Outra
descoberta do estudo foi que as estrelas binárias estão sendo estimuladas a
partir de um disco comum alimentado pela nuvem em colapso e isto favorece um
cenário no qual a estrela secundária do binário se formou como resultado da
fragmentação do disco originalmente em redor da primária. Isto permite que a
protoestrela secundária, inicialmente mais pequena, "roube" matéria
da sua irmã e eventualmente emergem como "gémeas" bastante
semelhantes.
Tan
acrescenta: "Este é um resultado importante para entender o nascimento das
estrelas massivas. Estas são importantes em todo o Universo pois produzem, no
final das suas vidas, os elementos pesados que compõem a nossa Terra e que
estão nos nossos corpos."
Zhang
conclui: "O que é importante agora é observar outros exemplos para ver se
esta é uma situação única ou algo que é comum no nascimento de todas as
estrelas massivas."
Fonte: Astronomia OnLine
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