Veja um buraco negro devorar uma estrela
Em
2009, um flash de luz muito brilhante foi capturado pelo telescópio Rotse IIIb,
provocando confusão quanto à sua origem. Agora, um artigo publicado no “The
Astrophysical Journal” propõe que o evento foi uma estrela agonizante sendo
engolida por um buraco negro. No entanto, a “mordida” está provando ser
extraordinariamente difícil para o buraco negro.
Quando
o ROTSE3 J120847.9+430121 foi observado, em 21 de janeiro de 2009, como parte
da Projeto de Verificação Supernova Rotse (RSVP), surgiram quatro teorias sobre
o que poderia ter causado um evento tão breve e brilhante. Poderia ser o
resultado de duas estrelas de nêutrons se fundindo, uma explosão de raios gama
cuja radiação teria ido para longe de nós, uma supernova superluminosa (uma
nova categoria destinada às mais brilhantes explosões estelares conhecidas) ou
uma estrela sendo devorada pelo buraco negro supermassivo no centro da sua
galáxia.
Levou
seis anos e alguns dias, mas agora uma equipe internacional de astrônomos
acredita ter resolvido o mistério, concluindo que o evento – apelidado de
“Dougie” em homenagem a um personagem de South Park, que serve como um ajudante
para o Professor Chaos – se encaixa na última categoria.
O
evento foi certamente luminoso – seu desvio para o vermelho o colocava a 2,9
bilhões de anos-luz de distância, na qual seu brilho observado se traduziria em
uma magnitude absoluta de -22,5, seis vezes mais luminoso do que toda a Via
Láctea e equivalente à supernova mais brilhante de que se tem conhecimento.
Extensos
estudos sobre o brilho de Dougie, que desaparecia rapidamente, combinados com a
modelagem de cada um dos processos físicos, sugere que o consumo de uma estrela
era a melhor explicação. Testemunhar um buraco negro no processo de destruição
de uma estrela não é comum, mas tais eventos foram vistos várias vezes. Parte
da confusão sobre a identidade do Dougie, no entanto, é que ele não se parecia
com nenhum dos eventos anteriores.
“Tivemos
a ideia de que poderia ser um evento de ‘interrupção de maré'”, disse o
co-autor do estudo J. Craig Wheeler, da Universidade do Texas em Austin, nos
Estados Unidos. “Quando uma estrela passa perto de um buraco negro, o lado mais
próximo é puxado com mais força que o lado mais distante”, explica. “Essas
marés especialmente grandes podem ser fortes o suficiente para que a estrela
fique do formato de um macarrão instantâneo”.
Como
resultado, diz Wheeler, a estrela não entra diretamente no buraco negro. “Ela
pode formar um disco antes. Mas o buraco negro está destinado a engolir mais
daquele material”.
No
entanto, como um crocodilo que resiste ao ser comido por uma cobra, a estrela
não simplesmente aceita a sua destruição. Mesmo quando dilacerada, ela irradia
intensamente.
Os
autores concluem que isso não acontece porque ela é particularmente grande, já
que tem apenas cerca de 80% da massa do sol, mas sim porque o buraco negro tem
a massa de cerca de um milhão de sóis, o que é “bastante modesto”, nas palavras
de Wheeler, e representa menos de um quarto da massa daquele que existe no
centro de nossa própria galáxia, por exemplo.
Fonte: Phys.org
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