Restos de uma supernova


Explicar e entender os mecanismos que determinam o fim da vida de uma estrela de grande massa é muito difícil. Como se não bastasse isso, explicar e entender o que sobra depois da morte de uma estrela de grande massa, também não é nada fácil. Os remanescentes de supernova guardam mais perguntas do que respostas.

A fotografia acima, composta por imagens em raios-X e no visível, mostra bem a complexidade da fase final de estrelas com 10 ou mais massas solares. Este remanescente de supernova é conhecido como G292.0+1.8 e está a uma distância de 20.000 anos luz de nós na constelação do Centauro. Ele é conhecido como um dos três remanescentes de nossa galáxia a conter oxigênio. Por isso, o G292 é alvo de constantes estudos.

Esta última imagem do Chandra mostra estruturas complicadas em rápida expansão. Além de oxigênio, outros elementos pesados como neônio e silício foram produzidos durante a explosão. Estes (e mais outros) elementos químicos contaminam as nuvens de gás e poeira próximos e vão ajudar a formar outras estrelas e, quem sabe, novos sistemas
planetários.

Para chegar a este grau de detalhes, o telescópio espacial Chandra ficou observando G292 durante seis dias seguidos. Mapeando a distribuição dos raios-X emitidos em diferentes bandas, podemos saber agora como os elementos químicos produzidos na explosão foram ejetados. Os resultados surpreenderam a todos, pois mostram que a explosão não foi perfeitamente simétrica.

Por exemplo, o azul (que representa silício e enxofre) e o verde (magnésio) estão concentrados no canto superior direito, enquanto o amarelo e o alaranjado (oxigênio) estão concentrados no canto inferior esquerdo. Esse padrão de cores também indica que a temperatura é maior na parte superior direita. É possível notar uma envoltória avermelhada que parece embrulhar toda a bolha. Esta é a frente de choque do gás expandindo e comprimindo o gás interestelar.

A explosão da supernova deixou uma estrela de nêutrons em rápida rotação, ou um pulsar. Ele está localizado um pouco abaixo à esquerda do centro da imagem. Uma outra característica intrigante é a faixa de material claro correndo quase ao centro da bolha. Essa faixa é conhecida como “cinturão equatorial” e foi formada antes da explosão, provavelmente através de ventos equatoriais. Outro mistério ainda não explicado é a localização do pulsar. Em princípio ele deveria estar mais ou menos no centro da bolha, mas ele está muito afastado. Isso indica que a estrela sofreu algum recuo durante a explosão, mas ninguém sabe como.

Apesar de não ser um caso 100% explicado, o G292 é considerado um importante laboratório dos remanescentes de supernova. Tantos processos físicos em um só ambiente permitem fazer dele um livro texto para explicar outros remanescentes estudados.

Créditos: Cássio Barbosa - Observatório


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