NASA está ficando séria sobre uma missão interestelar
Apenas duas naves espaciais escaparam de nosso sistema solar para mergulhar no espaço interestelar. Agora a NASA quer voltar - e em breve.
Um
grupo de pesquisadores da NASA quer explorar mais o espaço para além da área de
influência do Sol. Uma região que é tratada quase exclusivamente em produções
de ficção científica poderia se tornar objeto de estudos mais profundos a
partir de 2030, se a NASA topar essa ideia ousada.
O
físico Pontus Brandt explicou ao site Wired um pouco sobre o projeto, que
pretende utilizar tecnologia atual para dar “o primeiro passo explícito da
humanidade para o espaço interestelar”. Há um ano, o Johns Hopkins Applied
Physics Laboratory, que Brandt integra, faz estudos de uma sonda interestelar.
Em
2021, a equipe planeja submeter o projeto à NASA para ser incluído na lista de
missões prioritárias para os 10 anos seguintes. O projeto está bastante
adiantado, mas a equipe acredita que ainda faltam algumas evoluções no campo da
engenharia.
“É
hora de termos uma visão que possamos realmente executar”, observou Ralph
McNutt, que também trabalha no laboratório de física aplicada. “Até agora, as
pessoas não pensaram nisso como um problema de engenharia. Elas ficam chutando
uma latinha enquanto caminham na rua, dizendo, ‘Bem, nós só precisamos de um
pouco mais de tecnologia’”, acusou.
A
ideia da missão é lançar uma nave usando algum objeto bastante massivo, talvez
Júpiter ou quem sabe o próprio Sol, como “estilingue” para alcançar velocidade
superior a 160.000 km/h. A opção pela estrela traz algumas complicações extras,
como garantir que a estrutura aguente altas temperaturas, já que precisará se
aproximar bastante da estrela para alcançar a maior velocidade possível.
Até
hoje, a sonda Parker Solar Probe foi o objeto artificial que mais se aproximou
do Sol. Mas a sonda interestelar precisaria chegar ainda mais perto. O desafio
é encontrar o ponto em que a aproximação seja segura sem que o escudo de
proteção seja pesado demais de modo a reduzir a velocidade do veículo.
Se
tudo funcionar, a expectativa é que essa sonda se distancie, em 50 anos, a 150
bilhões de quilômetros da Terra, o equivalente a 1.000 vezes a nossa distância
até o Sol. A sonda Voyager 1, um dos únicos objetos que construímos que chegou
ao espaço interestelar, atualmente está a 13 bilhões de quilômetros da Terra, e
levou quase 40 anos para chegar a essa distância.
Além
da diferença na velocidade, a sonda a ser lançada em 2030 também estaria bem
mais preparada para observar o espaço interestelar do que a Voyager 1 e sua
“irmã” Voyager 2, que começou a sair do Sistema Solar no ano passado. A NASA
deve equipar o novo veículo com instrumentos mais adequados; afinal, as Voyager
foram construídas para analisar planetas, não o espaço entre as estrelas.
E,
mesmo que ambas continuem a enviar dados para a Terra, elas estão levantando
mais dúvidas do que solucionando problemas. Um deles é sobre a heliosfera, uma
espécie de bolha na qual todo o Sistema Solar está inserido. “Estamos
posicionados em uma bolha, tentando entender qual é a sua forma, o que é muito
difícil”, disse Brandt. “A singularidade de uma sonda interestelar é que
podemos ir lá fora e tirar uma foto dessa nossa pequena bolha habitável no
espaço”, justificou.
Para
além da heliosfera, está a heliopausa, onde o vento solar é parado por conta da
influência de muitas outras partículas de todo o resto do universo. Essa
transição da bolha da heliosfera para a helipausa e, por fim, o espaço
interestelar, é um dos maiores mistérios da humanidade.
Porém,
claro, a sonda interestelar não estudaria apenas essa região do espaço. Outros
objetos de estudo incluem a nuvem de poeira interplanetária, que pode ter
pistas sobre a formação do Sistema Solar, e as luzes infravermelhas de galáxias
mais antigas, que são bloqueadas dentro da heliosfera.
Além
de numerosos outros mistérios que desconhecemos hoje, Brandt diz ser impossível
imaginar o que uma sonda interestelar bem equipada poderia encontrar, e
acredita que a missão pode ser crucial para compreendermos o universo e nosso
lugar na existência. Mesmo assim, o físico observa que não há ainda garantia
alguma de que a missão seja aprovada. Teremos que esperar para ver!
Fonte:
Wired
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