Usando sismologia estelar para estimar a idade da Via Láctea
Uma impressão artística da Via Láctea, mostrando os discos
grossos e finos. Crédito: NASA / JPL Caltech / R.Hurt / SSC
Dados obtidos
pelo falecido telescópio Kepler da NASA, quando ainda estava em funcionamento
estão fornecendo a solução para um antigo mistério cósmico. Os sismos estelares
registrados pelo telescópio espacial Kepler da NASA têm ajudado a responder uma
grande questão sobre a idade do espesso disco da Via Láctea. Em um artigo
recém-publicado, uma equipe composta por 38 cientistas usaram os dados para
calcular a idade do disco e chegaram a um valor de 10 bilhões de anos de vida.
Essa descoberta
responde um grande mistério. Dados anteriores sobre a distribuição da idade das
estrelas no disco não estavam de acordo com os modelos construídos para
descrevê-lo, mas ninguém sabia onde estava o erro, nos dados, ou nos modelos,
agora, com os novos dados essa busca pode ter chegado ao fim.
A Via Láctea,
como muitas outras galáxias espirais, consiste de duas estruturas em forma de
disco, conhecidas como disco fino e disco espesso. O disco espesso contém
somente cerca de 20% do total de estrelas da Galáxia, e, com base na sua
composição, acredita-se que ele seja o mais antigo dos dois discos.
Para descobrir a
idade do disco, os pesquisadores usaram um método conhecido como
asteriosismologia, uma maneira de identificar a estrutura interna das estrelas
medindo as oscilações geradas pelos sismos estelares. Os sismos estelares geram
ondas dentro das estrelas que faz com que elas vibrem. A frequência produzida
nos diz coisas sobre as propriedades internas das estrelas, incluindo a sua
idade. Isso é o mesmo que você, ao ouvir um instrumento musical, só pelo som
poder falar sobre aquele instrumento.
Esse cálculo de
idade permite que os pesquisadores essencialmente possam voltar no tempo e
discernir em qual período da história do universo, quando a Via Láctea se
formou. Esse é um trabalho que pode ser descrito como uma arqueologia
galáctica. Nenhum dos pesquisadores, diga-se de passagem, ouviram os sons
gerados pelos sismos estelares. Eles, na verdade estão observando como o
movimento interno é refletido nas mudanças de brilho.
A estrelas são
verdadeiros instrumentos esféricos cheios de gás, mas as suas vibrações são
pequenas, então o estudo precisa ser feito com muito cuidado pelos
pesquisadores. As medidas de brilho feitas pelo Kepler foram ideais para isso.
O telescópio era tão sensível que ele poderia detectar a diminuição no brilho
do farol de um carro se uma mosca passasse na frente.
Os dados obtidos
pelo telescópio durante os 4 anos depois do seu lançamento foram usados para
isso, depois em 2009, o Kepler apresentou um problema , nesse momento a
informação sugerida era que as estrelas eram mais jovens no disco espesso do que
os modelos previam. Isso então, fez os astrônomos pensarem, os modelos é que
estariam errados, ou os dados?
Em 2013, contudo,
o Kepler teve um sério problema e a NASA criou uma segunda missão para o
telescópio espacial, a chamada missão K2. O projeto envolvia observar
diferentes partes do céu a cada 80 dias.
O primeiro
conjunto de dados já representou uma nova fonte de informação para os
pesquisadores, uma análise espectroscópicas revelou que a composição química
incorporada nos modelos existentes para as estrelas do disco espesso estavam
erradas, o que afetou a predição de suas idades. Levando isso em consideração,
os pesquisadores descobriram que os dados de asteriosismologia observados
tinham um excelente ajuste com os modelos.
Os resultados
forneceram uma verificação indireta forte do poder analítico da
asteriosismologia para estimar a idade das estrelas, e da própria galáxia.
Como eu sempre
falo, uma missão acaba mas não termina, ainda existem dados da missão K2 para
serem analisados e incorporados no modelo e agora com a missão TESS mais dados
serão incluídos também no modelo isso irá resultar numa estimativa mais precisa
da idade de mais estrelas dentro do disco e ajudará os astrônomos a finalmente
revelarem a história completa da formação da Via Láctea.
Fonte:
Phys.org
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