"Berçário" de estrelas da Via Láctea é encontrado próximo ao Sistema Solar
O berçário de estrelas está localizado no braço espiral mais
próximo ao nosso Sistema Solar. Essa é uma das maiores estruturas coesa da Via
Láctea (Imagem: Alyssa Goodman / Harvard University)
Astrônomos
descobriram uma vasta estrutura na Via Láctea, composta de muitos “berçários”
estelares, regiões ricas em gás e poeira onde as estrelas nascem. Os berçários
encontrados estão interconectados na forma de um filamento longo e fino de
9.000 anos-luz de comprimento e 400 anos-luz de largura.
Essa
estrutura está localizada a cerca de 500 anos-luz do nosso Sol, algo
relativamente próximo, considerando que a Via Láctea mede 105.700 anos-luz. Sua
posição na galáxia é no braço espiral mais próximo ao nosso Sistema Solar.
A
estrutura foi encontrada quando uma equipe internacional de astrônomos
analisava dados do observatório Gaia, da ESA (agência espacial europeia), para
trabalhar em um novo mapa da nossa galáxia, e foi batizada de Radcliffe Wave
(ou Onda Radcliffe, em português). O nome é uma homenagem ao Instituto
Radcliffe de Estudos Avançados da Universidade de Harvard, em Cambridge.
Um
dos autores do estudo, o astrônomo português João Alves, contou que essa “é a
maior estrutura de gás coesa que conhecemos na galáxia”. Ele explica que o
formato das nuvens foi por muito tempo alvo de questionamentos da comunidade
científica, e descreveu o novo berçário como “um filamento maciço e ondulado”,
e não em forma de anel.
Ainda
não se sabe ao certo a causa do formato ondular da Radcliffe Wave, mas, de
acordo com João Alves, ela também sofre interferência do Sol. "É como se
estivéssemos surfando esta onda", diz.
Muitas
das regiões encontradas na Onda Radcliffe eram anteriormente consideradas parte
de uma estrutura chamada Cinturão de Gould, com cerca de 3.000 anos-luz de
largura. Acreditava-se que esse cinturão era composto por regiões formadoras de
estrelas que teriam a forma de um anel ao redor do Sol. O novo estudo,
publicado na revista Nature, derrubou essa ideia, revelando que, na verdade,
trata-se de um filamento.
Para
a astrônoma norte-americana Alyssa Goodman, outra autora do estudo, essa
descoberta foi algo inesperado. "Ficamos completamente chocados quando
percebemos que a Onda Radcliffe aparentava ser de uma forma em nossas
observações e depois percebemos, a partir de um modelo 3D, que era mais
sinuoso”. Ela acrescentou que “a própria existência da onda está nos forçando a
repensar nossa compreensão da estrutura 3D da Via Láctea".
E
a pesquisadora Catherine Zucker disse que pode haver estruturas ainda maiores
“que simplesmente não conseguimos contextualizar". Ela colaborou com a
revisão do modelo de representação da Via Láctea em computação 3D, um trabalho
que resultou em um catálogo com as distâncias precisas deste berçário.
"Agora, podemos literalmente ver a Via Láctea com novos olhos", disse
Zucker.
Fonte: Canaltech
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!