E se os misteriosos planetas de "algodão doce" tiverem na realidade anéis?
Impressão de
artista do modelo de Piro e Vissapragada de um anel com anéis a transitar em
frente da sua estrela hospedeira. Os cientistas usaram estes modelos para
restringir quais dos planetas superinchados conhecidos podem ser explicados por
anéis. Crédito: Robin Dienel e cortesia do Instituto Carnegie para Ciência
De acordo com uma
nova investigação publicada na revista The Astronomical Journal, por Anthony
Piro do Instituto Carnegie para Ciência e Shreyas Vissapragada do Caltech,
alguns dos exoplanetas de densidade extremamente baixa, chamados planetas de
"algodão doce", podem na realidade ter anéis.
Estes planetas
superinchados são conhecidos por terem raios extremamente grandes para as suas
massas - o que lhes daria densidades aparentemente incrivelmente baixas. Os
corpos com este nome adorável têm confundido os cientistas desde que foram
descobertos, porque são diferentes de quaisquer planetas no nosso Sistema Solar
e desafiam as nossas ideias do aspeto dos planetas distantes.
"Começámos a
pensar, e se estes planetas não forem como algodão doce," disse Piro.
"E se estes planetas superinchados só parecem muito grandes porque estão
na verdade cercados por anéis?"
No nosso próprio
Sistema Solar, todos os planetas gigantes de gás e gelo têm anéis, o exemplo
mais conhecido sendo os majestosos anéis de Saturno. Mas tem sido difícil para
os astrónomos descobrir planetas com anéis em órbita de estrelas distantes.
Os raios dos
exoplanetas são medidos durante o trânsito - quando o exoplaneta cruza a frente
da sua estrela hospedeira, provocando uma queda na luz estelar. Quanto maior a
diminuição de brilho, maior o exoplaneta.
"Começámos a
pensar: se olhássemos para o Sistema Solar, a partir de um mundo distante, será
que conseguíamos reconhecer Saturno como um planeta com anéis, ou pareceria um
planeta inchado para um astrónomo alienígena," perguntou Vissapragada.
Para testar esta
hipótese, Piro e Vissapragada simularam o aspeto de um exoplaneta com anéis
para um astrónomo com instrumentos de alta precisão que observava o seu
trânsito em frente da estrela-mãe. Também investigaram os tipos de materiais no
anel que poderiam explicar as observações de superinchados.
O seu trabalho
demonstrou que os anéis podem explicar alguns, mas não todos, os planetas
superinchados que a missão Kepler da NASA descobriu até agora.
"Estes
planetas tendem a orbitar em íntima proximidade as suas estrelas hospedeiras, o
que significa que os anéis teriam que ser rochosos e não gelados,"
explicou Piro. "Mas os raios dos anéis rochosos só podem ter um
determinado tamanho, a não ser que as rochas sejam muito porosas, de modo que
nem todos os superinchados encaixariam nestas restrições."
Segundo Piro e
Vissapragada, três superinchados são candidatos especialmente bons para anéis -
Kepler-87c e 177c, assim como HIP 41378f.
As observações de
acompanhamento para confirmar o seu trabalho só serão possíveis depois do
lançamento do Telescópio Espacial James Webb da NASA, previsto para o ano que
vem, porque os atuais telescópios terrestres e espaciais não têm a precisão
necessária para confirmar a presença de anéis em redor destes mundos distantes.
Se alguns dos
superinchados forem confirmados como planetas com anéis, isto melhoraria a
compreensão dos astrónomos de como estes sistemas planetários se formaram e
evoluíram em torno das suas estrelas hospedeiras.
Fonte: Astronomia OnLine
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