Cerâmica em meteoritos questiona teoria de formação do Sistema Solar
O nosso Sistema Solar não tinha as condições amenas e constantes que se acreditava até agora. [Imagem: NASA/JPL-Caltech] |
Formação dos planetas
A teoria atual de formação dos planetas propõe que um disco
protoplanetário - o material que sobrou da formação da estrela e que continua
girando ao seu redor - aos poucos coalesce em aglomerados que irão formar os
planetas e luas.
A visão predominante é que o nosso Sol, por exemplo, esfriou suave e
continuamente, e os objetos que se formaram ao seu redor nasceram a partir do
gás e da poeira, que se condensaram aos poucos.
Mas não foi bem isso que Justin Hu e Nicolas Dauphas, da Universidade
de Chicago, nos EUA, encontraram quando começaram a estudar pequenos pedaços de
cerâmica encontrados no interior de meteoritos, que são verdadeiras cápsulas do
tempo porque seu interior mantém um registro das condições prevalecentes no
momento da formação do Sistema Solar.
Um tipo particular de meteorito, chamado condrito carbonáceo,
geralmente vem cravejado de pedaços de material cerâmico, como gotas de
chocolate em um biscoito. E essas pequenas cerâmicas são ainda mais antigas do
que seus biscoitos - de fato, os dados indicam que elas sejam testemunhas dos
primeiros 100.000 anos do nosso Sistema Solar.
O que Hu e Dauphas fizeram foi analisar esses pedaços de cerâmica com a
maior precisão já feita até hoje, incluindo um sistema de purificação inventado
pela própria equipe, que permitiu estudar diferentes isótopos encontrados no
material.
"Eles não tinham a assinatura que esperávamos," contou Hu.
"Os resultados indicaram que as temperaturas que essas inclusões de
cerâmica encontraram quando se formaram teriam ficado acima de 1.600 Kelvin -
ou cerca de 1.300 ºC - em períodos de dezenas a centenas de anos."
Evaporação de rochas
Estes novos dados indicam que nosso Sol não apenas brilhava mais forte
quando jovem, como também apresentava flutuações por longos períodos de tempo,
afetando tudo ao seu redor. Astrônomos já observaram explosões extremas em torno de estrelas jovens
em outros sistemas solares, mas não tinham certeza se isso teria acontecido em
nosso próprio sistema.
Além disso, em desacordo com as teorias atuais, os dados mostram que o
processo básico de formação desses meteoritos foi a evaporação, e não a
condensação.
"Entender essas condições é muito importante porque define o
cenário para a formação dos planetas," disse Dauphas. "Elas podem
falar sobre os processos que moldaram a composição dos planetas do Sistema
Solar - por exemplo, por que a Terra e Marte têm composições diferentes?"
Fonte: Inovação Tecnológica
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