"Bolas amarelas" fornecem novas informações sobre a formação estelar
"As 'bolas amarelas' são características pequenas e compactas que
foram identificadas em imagens infravermelhas obtidas pelo Telescópio Espacial
Spitzer durante discussões online do Projeto Via Láctea, uma iniciativa da
plataforma cidadã online zooniverse.org, que pediu a cientistas cidadãos para
ajudar a identificar características associadas com estrelas jovens e massivas
com mais de 10 massas solares," disse Wolf-Chase, autora principal do
artigo publicado na revista The Astrophysical Journal. "As primeiras
investigações sugeriram que as bolas amarelas são produzidas por estrelas
jovens à medida que aquecem o gás circundante e a poeira de onde nasceram."
As bolas amarelas descobertas por cientistas cidadãos libertam luz
infravermelha num estágio muito inicial no desenvolvimento de enxames
estelares, quando têm uns "meros" cem mil anos. "Este é o ponto
em que a sua presença é revelada pela primeira vez, mas permanecem incrustadas
nos seus casulos empoeirados natais," explica Wolf-Chase. "Isto
permite-nos vincular as propriedades das estrelas aos seus ambientes de
nascimento, como se um ser humano estivesse a dar à luz cerca de cem bebés de
uma vez."
A investigação mostra que a formação de enxames estelares -
protoenxames - de essencialmente todas as massas passam por um estágio de bola
amarela. Alguns destes protoenxames formam estrelas massivas com mais de 10
vezes a massa do Sol que vão esculpir os seus ambientes em "bolhas"
por meio de fortes ventos estelares e radiação ultravioleta severa, enquanto
outras não. Ao longo de um milhão de anos, as bolhas podem expandir-se para
dezenas de anos-luz de diâmetro.
"Nós também mostrámos que podemos extrair informações sobre as
massas e idades de enxames estelares em desenvolvimento apenas através das
'cores' infravermelhas das bolas amarelas, sem outras observações extensas como
espectroscopia," disse Wolf-Chase. "Isto é importante porque o tempo
de observação é limitado e se pudermos dizer mais sobre os milhares destes
objetos a partir de algumas observações relativamente simples, poupa-se muito
tempo e ajuda-nos a identificar bolas amarelas particularmente interessantes
para futuras observações de alta resolução."
Durante a procura por 'bolhas' no Projeto Via Láctea, cientistas
cidadãos usaram o fórum de discussão do projeto para assinalar objetos pequenos
e redondos que parecem 'amarelos' nas imagens infravermelhas representativas.
"Os cientistas inicialmente pensaram que estas podiam ser versões muito
jovens das bolhas e incluímos a identificação de bolas amarelas como o objetivo
principal de uma versão do Projeto Via Láctea que foi lançada em 2016,"
disse Wolf-Chase. "Isto resultou na identificação de 6176 bolas amarelas
em mais de um-terço da Via Láctea. A sua aparência amarela distinta está
relacionada com comprimentos de onda que traçam moléculas orgânicas complexas e
poeira à medida que são aquecidas por estrelas muito jovens embutidas nas suas nuvens
de nascimento."
"O nosso trabalho analisa um subconjunto de 516 bolas amarelas e mostra que apenas cerca de 20% das bolas amarelas vão formar bolhas associadas com estrelas massivas, enquanto aproximadamente 80% destes objetos sinalizam a posição de regiões que formam estrelas menos massivas," salientou Wolf-Chase. "Este trabalho mostra o grande valor da ciência cidadã ao abrir uma nova janela para a nossa compreensão da formação estelar."
Fonte: Astronomia OnLine
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