Fotografado um planeta "frio" a mais de 6000 UA da sua estrela
Os astrónomos descobriram milhares de exoplanetas - planetas para lá do
nosso Sistema Solar - mas poucos foram diretamente fotografados, porque são
extremamente difíceis de ver com os telescópios existentes. Um estudante do
Instituto de Astronomia da Universidade do Hawaii superou as expetativas e
descobriu um exoplaneta graças a imagens diretas, situado a apenas 35 anos-luz
do Sol.
Usando o levantamento COCONUTS (COol Companions ON Ultrawide orbiTS), o
estudante Zhoujian Zhang e uma equipa de astrónomos - Michael Liu e Zach
Claytor (Universidade do Hawaii), William Best (Universidade do Texas em
Austin), Trent Dupuy (Universidade de Edimburgo) e Robert Siverd (Observatório
Gemini/NOIRLab da NSF) - identificaram um planeta com cerca de seis vezes a
massa de Júpiter. A investigação da equipa, publicada na revista The
Astrophysical Journal Letters, levou à descoberta do gigante gasoso de baixa
temperatura que orbita a mais de 6000 UA de uma estrela anã vermelha.
Apelidaram o novo sistema planetário de COCONUTS-2 e o novo planeta de
COCONUTS-2b.
"Com um planeta massivo numa órbita superlarga, e com uma estrela
central muito fria, COCONUTS-2 representa um sistema planetário muito diferente
do nosso próprio Sistema Solar," explicou Zhang. O levantamento COCONUTS
tem sido o foco da sua tese de doutoramento, recentemente concluído, cujo
objetivo é encontrar companheiras, em grande separação, de estrelas de todos os
tipos perto da Terra.
Calor aprisionado ajuda a detetar
planeta
COCONUTS-2b é o segundo exoplaneta mais frio já descoberto através de
imagens diretas, com apenas 160º C, temperatura ligeiramente menos quente do
que a usada para cozer bolos num forno. O planeta pode ser fotografado
diretamente graças à luz emitida pelo calor residual preso desde a formação do
planeta. Ainda assim, o output energético do planeta é mais de um milhão de
vezes mais fraco do que o do Sol, de modo que o planeta só pode ser detetado
usando radiação infravermelha de baixa energia.
"A deteção direta e o estudo da luz de planetas gigantes gasosos
em torno de outras estrelas é normalmente muito difícil, uma vez que os
planetas que encontramos geralmente têm órbitas de pequena separação e,
portanto, estão 'enterrados' no brilho da sua estrela hospedeira," disse
Liu, orientador da tese de Zhang. "Com a sua enorme separação orbital,
COCONUTS-2b será um grande laboratório para o estudo da atmosfera e da composição
de um jovem planeta gigante gasoso."
O planeta foi detetado pela primeira vez em 2011 pelo satélite WISE
(Wide-field Infrared Survey Explorer), mas pensava-se ser um objeto não em
órbita da estrela. Zhang e seus colaboradores descobriram que está, de fato,
ligado gravitacionalmente a uma estrela de baixa massa, COCONUTS-2A, que tem
cerca de um-terço da massa do Sol e é cerca de 10 vezes mais jovem.
Devido à sua grande órbita e à fria estrela hospedeira, os céus de COCONUTS-2b seriam dramaticamente diferentes para um observador aí situado em comparação com os céus da Terra. A noite e o dia seriam basicamente iguais, a estrela hospedeira aparecendo como uma estrela vermelha brilhante no céu escuro.
Fonte: Astronomia OnLine
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