SuperBIT: Telescópio em balão vai superar Hubble
Preparação final do SuperBIT antes do voo de teste. [Imagem: Steven Benton/Princeton University]
Telescópio em balão
Depois dos testes de voo bem-sucedidos, uma equipe de cientistas
mantida pela NASA e pela Agência Espacial Canadense apresentou os detalhes e os
objetivos científicos do telescópio voador SuperBIT. SuperBIT é uma sigla em inglês para "Telescópio de Imageamento Por
Balão de Superpressão" (Superpressure Balloon-borne Imaging Telescope).
Em um meio-termo entre os telescópios terrestres e os telescópios
espaciais, o SuperBIT é um telescópio que voa a bordo de um balão, acima de
99,5% da atmosfera terrestre, já rumo à "fronteira" com o espaço.
Quase livre da interferência atmosférica, e tirando proveito dos
avanços tecnológicos mais recentes, a equipe afirma que o telescópio voador
será capaz de fazer imagens com qualidades semelhantes às do telescópio
espacial Hubble, o que é uma boa notícia, sobretudo com os defeitos decorrentes
do desgaste natural do telescópio mais famoso do mundo.
Balão de superpressão
A luz dos corpos celestes pode viajar bilhões de anos para chegar aos
nossos telescópios. Contudo, na fração final de um segundo, essa luz tão rica
em informações tem que passar pela turbulenta atmosfera da Terra. Com isto,
nossa visão do Universo fica turva. Telescópios no solo são construídos em locais
de grande altitude para superar parte disso, mas até agora apenas a colocação
de um telescópio no espaço conseguia eliminar de vez o efeito da atmosfera.
Com seu espelho de 0,5 metro de diâmetro, o SuperBIT é carregado a 40
km de altitude. Cheio de hélio, o balão tem um volume de 532.000 metros
cúbicos, mais ou menos do tamanho de um estádio de futebol. Carregado por ventos sazonalmente estáveis, o telescópio voador irá
circunavegar a Terra várias vezes, capturando imagens do céu a noite toda e
usando painéis solares para recarregar suas baterias durante o dia. E tudo a um
custo de cerca de US$5 milhões, mais de 1.000 vezes mais barato do que um
telescópio espacial.
Balões meteorológicos são usados há décadas, mas eles tipicamente têm
vida curta, explodindo em no máximo alguns dias. Contudo, a NASA desenvolveu
balões de "superpressão", capazes de conter o hélio por meses mesmo
nas partes mais rarefeitas da atmosfera, quando o balão alcança seu volume
máximo.
O voo de teste final demonstrou uma estabilidade extraordinária, com
uma variação de menos de trinta e seis milésimos de grau (0,036º) por mais de
uma hora. É nesse dado que os astrônomos se baseiam para dizer que o telescópio
obterá imagens tão nítidas quanto as do Hubble.
Frota de telescópios voadores
Com o fim inexorável do Hubble, a equipe conseguiu chamar a atenção para o seu projeto, e já obteve financiamento para começar a construir uma versão maior do SuperBIT, com um telescópio com abertura de 1,5 metro - a capacidade máxima de carga do balão atualmente corresponde a um telescópio com um espelho de cerca de 2 metros.
Esse aumento na abertura (do 0,5m para 1,5m do próximo telescópio)
representa um aumento no poder de coleta de luz de 10 vezes. Isso, combinado
com o uso de uma lente de ângulo mais amplo e câmeras de mais megapíxeis,
tornará o SuperBIT 2 ainda melhor do que o Hubble. E o baixo custo já faz a
equipe sonhar com uma frota de telescópios voadores, oferecendo tempo de
observação a astrônomos de todo o mundo.
O SuperBIT que já está pronto tem lançamento previsto para Abril do
próximo ano, para um voo de longa duração a partir de Wanaka, na Nova Zelândia.
E o objetivo científico dessa missão já será bem amplo: Medir as
propriedades das hipotéticas partículas de matéria escura. Embora a matéria
escura seja invisível e nunca tenha sido detectada, os astrônomos querem tentar
mapear a maneira como ela curva os raios de luz, uma técnica conhecida como
lente gravitacional.
O SuperBIT testará se a matéria escura fica mais lenta durante as
colisões de aglomerados de galáxias. Nenhum colisor de partículas na Terra
consegue acelerar a matéria escura, mas esta é uma assinatura-chave, prevista
pelas teorias, que pode explicar observações recentes de múons com
comportamento estranho.
Fonte: Inovação Tecnológica
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!